Folha de S. Paulo


Tchetchênia e Quirguistão descartam relação com suspeitos de Boston

Autoridades da Tchetchênia e do Quirguistão afirmaram que os dois suspeitos do atentado na maratona de Boston, que deixou três mortos e 176 feridos, não têm mais relação com os países.

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Os acusados pela polícia americana são Tamerlan Tsarnaev, 26, que morreu durante uma perseguição policial iniciada na noite de ontem (18), e Dzhokhar Tsarnaev, 19, que continua sendo procurado.

Os Tsarnaev são de uma família tchetchena, muçulmana, que viveu no Daguestão, perto da Tchetchênia (regiões da Rússia), e no Quirguistão. Relatos da mídia afirmam que a família também morou no Cazaquistão antes de migrar para os EUA em 2002.

Autoridades tchetchenas culparam os Estados Unidos pelos ataques em Boston e disseram não ter ligação com os suspeitos.

"Não conhecemos os Tsarnaev, eles não viveram na Tchetchênia, eles cresceram e estudaram nos Estados Unidos e suas atitudes e crenças foram formadas lá", declarou o líder tchetcheno Ramzan Kadyrov, citado pela agência pública Ria Novosti. "O que aconteceu em Boston é de responsabilidade dos serviços especiais americanos", disse.

"Se tornou comum associar tudo o que acontece no mundo aos tchetchenos, culpar os tchetchenos, mesmo por um tsunami", disse o líder da república instável do Cáucaso russo, conhecido por suas declarações polêmicas.

Já o diretor de uma escola no Daguestão confirmou que a família viveu na região.

"Dzhojar Tsarnaev estudou conosco. Seu irmão mais velho, Tamerlan, também esteve aqui durante um ano", disse o diretor. "Se me lembro bem, tinham duas irmãs e abandonaram a república em 2002", acrescentou o diretor.

A família teria então trocado o Daguestão por Tokmok, cidade de cerca de 55 mil habitantes no norte do Quirguistão, próxima da fronteira com o Cazaquistão, há cerca de 12 anos.

Autoridades do Quirguistão também buscaram distanciar a região dos atentados. "Devido ao fato de que os suspeitos deixaram a República [do Quirguistão] nas idades de 8 e 15 anos, o Comitê da Segurança Nacional considera inapropriado ligá-los ao Quirguistão".

PERSEGUIÇÃO

A caçada aos suspeitos começou na noite de quinta-feira, após dois crimes que aconteceram em um intervalo de menos de uma hora. Por volta das 22h30 (23h30 em Brasília), o segurança Sean Collier, 26, foi morto em um campus do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, em inglês).

Em seguida, a polícia recebeu a informação de que uma camionete foi roubada na mesma região.

A rede de televisão NBC informou que conversou com o motorista e este disse que passou por um sequestro relâmpago e liberado em um posto de gasolina. A vítima disse que os dois criminosos que o abordaram eram os responsáveis pelo atentado na maratona.

Minutos depois, a polícia localizou o carro roubado e começou uma troca de tiros com os suspeitos. Os agentes afirmam que durante o tiroteio foram jogados "elementos explosivos" contra a polícia. Testemunhas dizem que os artefatos pareciam granadas, embora outras afirmam que viram bombas feitas com panelas de pressão.

Durante a troca de tiros, o agente de trânsito Richard Donohue, 33, que fazia a segurança de uma estação de metrô, foi baleado e gravemente ferido. Ele foi internado em estado grave com ferimentos graves na perna e precisou de transfusão de sangue.

Ainda não está claro como Tamerlan Tsarnaev foi morto durante a perseguição. Agentes da polícia dizem que ele portava cintos de explosivos, mas os médicos disseram que ele também tinha marcas de bala no corpo. Não se sabe se ele morreu em tiroteio ou após a explosão das bombas.

Após a ação, o segundo suspeito, Dzhokhar Tsarnaev furou o bloqueio da polícia e está foragido até agora. Não há informações precisas sobre de que forma ele fugiu, como ele saiu do local e a trajetória do suspeito nas últimas horas.

No final da manhã, os policiais encontraram uma camionete vazia em Watertown, próximo à região onde policiais fazem cerco para encontrar o suspeito foragido. Os dois acusados, que a polícia acreditam que sejam irmãos, eram de origem tchetchena e viviam nos Estados Unidos legalmente.

Editoria de Arte/Folhapress

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