Folha de S. Paulo


Homem invade posse de Nicolás Maduro

Enquanto Maduro discursava, um homem com uma camisa vermelha, que identifica seguidores do chavismo, invadiu o pequeno pulpito tentou tomar o microfone. A TV em seguida cortou as imagens- não foi permitido acesso ao plenário para a imprensa.

Momentos depois, Maduro retomou a palavra: "Sem dúvida falhou a segurança! Eu poderia ter levado um tiro", disse. E depois: "Incidente superado. Já falaremos com esse rapaz. Deus sabe que desespero traz em si".

O presidente disse que parte dos opositores iria dizer que ele tinha inventado o incidente como "parte do reality show".

Nicolás Maduro assumiu como presidente da Venezuela nesta sexta-feira, enquanto a autoridade eleitoral do país faz uma auditoria em todos os votos eletrônicos da eleição presidencial de domingo, a pedido da oposição, que se nega a reconhecer o resultado e classificou Maduro como "ilegítimo".

Francisco Boza/AFP
Homem de jaqueta vermelha invade cerimônia de posse do presidente eleito da Venezuela, Nicolás Maduro
Homem de jaqueta vermelha invade cerimônia de posse do presidente eleito da Venezuela, Nicolás Maduro

Há poucos minutos, Maduro foi empossado, jurando construir uma "pátria independente e socialista de todos e para todos". Em um ato simbólico, foi a filha de Hugo Chávez que o ajudou a colocar a faixa presidencial, para euforia dos seguidores chavistas que cercavam a sede da Assembleia Nacional em Caracas.

O juramento de Maduro também fez referência a Chávez.

"Juro pelo povo da Venezuela, juro pela memória eterna do comandante supremo que cumprirei e farei esta Constituição ser cumprida", disse Maduro, flanqueado por um quadro gigante de Chávez e com a Carta Magna na mão esquerda.

RECONTAGEM

O motorista de ônibus obteve o apoio dos chefes de Estado integrantes da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), que ele ajudou a criar quando era chanceler, mas também recebeu pedidos para baixar o tom na disputa com a oposição do país.

De acordo com números do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Maduro venceu as eleições no domingo por 265 mil votos, resultado que foi questionado pelo candidato opositor Henrique Capriles, o que detonou uma crise política no país, que conta com as maiores reservas de petróleo do mundo.

O conflito entre as forças do governo e a oposição depois do resultado apertado provocou embates nas ruas que deixaram oito mortos, segundo dados oficiais, e a acusação de Maduro contra seus rivais de tentativa de golpe de Estado.

Na última quinta-feira (18), o CNE revelou que ampliará a auditoria a 100% dos votos eletrônicos, que normalmente chega a 54%, depois da pressão da oposição contra o resultado a favor de Maduro, que foi declarado vitorioso na segunda-feira (15).


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