Folha de S. Paulo


Tio dos suspeitos de ataque em Boston diz que, se culpados, jovens não merecem viver

Ruslan Tsarni, tio dos dois jovens suspeitos do atentado na Maratona de Boston, disse à emissora local WBZ-TV que, se ficar comprovada a autoria do ataque, os rapazes "não merecem viver". Durante a entrevista, exibida também pela CNN, Tsarni disse pediu desculpas às vítimas do atentado realizado na tarde de segunda (15), que deixou três mortos e 176 feridos.

Um dos suspeitos do ataque, o jovem de origem tchetchena Tamerlan Tsarnaev morreu durante uma troca de tiros com a polícia na manhã desta sexta-feira (19). O outro, é o irmão mais novo de Tamerlan, Dzhokhar Tsaenaev, 19, que continua foragido.

Ruslan Tsarni pediu que seu sobrinho Dzhokhar assuma o que fez. "Digo, Jahar [apelido do segundo suspeito], se entregue e peça perdão às vítimas".

Sobre a morte do sobrinho mais velho, Tamerlan, Ruslan disse ser esse o preço a ser pago por uma ação tão terrível. "Se ele fez isso, ele mereceu, ele definitivamente mereceu isso."

"A última vez em que estive com meu irmão foi em dezembro de 2005. Minha família não tem nada a ver com a família deles, quero que meus filhos fiquem longe dessa dessa história."

"Se, de alguma forma, os filhos de meu irmão estiverem envolvidos com essa atrocidade, que eles paguem por isso. Eu sinto dizer, mas meu sobrinho mais novo merece ter o mesmo destino", completou Tsarni. "Eles envergonharam a nossa família."

O tio dos jovens mora em Montgomery Village, no Estado americano de Maryland. Segundo as autoridades, ele vive nos Estados Unidos há mais de uma década.

Ele descreveu os jovens como "fracassados", caso tenham cometido o ataque, e disse ter ficado chocado ao ouvir que seus sobrinhos eram suspeitos e que o rapaz estava morto.

O outro suspeito do atentado é o irmão mais novo de Tamerlan, Dzhokhar Tsaenaev, 19, que continua foragido. A ação, realizada na tarde de segunda (15), deixou um saldo de três mortos e 176 feridos.

TERROR

A polícia de Boston continua na manhã desta sexta-feira as buscas para encontrar o segundo suspeito do atentado na maratona da cidade, Dzhokhar Tsaenaev.

Os irmãos tinham visto de residência permanente nos EUA e, de acordo com fontes da investigação, tinham experiência militar.

A Casa Branca informou que todas as informações da operação são repassadas ao presidente Barack Obama por integrantes da agência federal antiterrorismo.

Durante a perseguição a Dzhokhar, o governador de Massachusetts, Deval Patrick, suspendeu todo o serviço de transporte público na região de Boston, em especial em Watertown, onde se concentram as buscas. O transporte público entre Boston e o Estado de Rhode Island também foi suspenso.

As autoridades recomendaram que os moradores da cidade e de Newton, Waltham, Allston-Brighton e Cambridge, na região de Boston, fiquem em casa e que abram a porta para agentes da polícia em caso de eventuais revistas.

Além do transporte público e do toque de recolher, os tribunais e o comércio não funcionarão até segunda ordem. Também foram fechados o MIT, onde ocorreu a morte do policial, e a Universidade Harvard, ambos em Cambridge, no subúrbio de Boston.

O chefe de polícia de Watertown, Edward Deveau, pediu força à comunidade local ante os transtornos causados pela perseguição policial.

"Nós pedimos a todos que fiquem onde estão. Nenhum tráfego de veículos será autorizado até segunda ordem. Nenhum estabelecimento comercial está autorizado a funcionar. A comunidade de Watertown sempre esteve forte, precisamos que isso se mantenha hoje".

PERSEGUIÇÃO

A caçada aos suspeitos começou na noite de quinta-feira, após dois crimes que aconteceram em um intervalo de menos de uma hora. Por volta das 22h30 (23h30 em Brasília), o segurança Sean Collier, 26, foi morto em um campus do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, em inglês).

Em seguida, a polícia recebeu a informação de que uma camionete foi roubada na mesma região.

A rede de televisão NBC informou que conversou com o motorista e este disse que passou por um sequestro relâmpago e liberado em um posto de gasolina. A vítima disse que os dois criminosos que o abordaram eram os responsáveis pelo atentado na maratona.

Minutos depois, a polícia localizou o carro roubado e começou uma troca de tiros com os suspeitos. Os agentes afirmam que durante o tiroteio foram jogados "elementos explosivos" contra a polícia. Testemunhas dizem que os artefatos pareciam granadas, embora outras afirmam que viram bombas feitas com panelas de pressão.

Durante a troca de tiros, o agente de trânsito Richard Donohue, 33, que fazia a segurança de uma estação de metrô, foi baleado e gravemente ferido. Ele foi internado em estado grave com ferimentos graves na perna e precisou de transfusão de sangue.

Ainda não está claro como Tamerlan Tsarnaev, 26, foi morto durante a perseguição. Agentes da polícia dizem que ele portava cintos de explosivos, mas os médicos disseram que ele também tinha marcas de bala no corpo. Não se sabe se ele morreu em tiroteio ou após a explosão das bombas.

Após a ação, o segundo suspeito, Dzhokhar Tsarnaev, 19, furou o bloqueio da polícia e está foragido até agora. Não há informações precisas sobre de que forma ele fugiu, como ele saiu do local e a trajetória do suspeito nas últimas horas.

No final da manhã, os policiais encontraram uma camionete vazia em Watertown, próximo à região onde policiais fazem cerco para encontrar o suspeito foragido. Os dois acusados, que a polícia acreditam que sejam irmãos, eram de origem tchetchena e viviam nos Estados Unidos legalmente.

Editoria de Arte/Folhapress

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