Folha de S. Paulo


Paraguaios lotam as ruas no encerramento de campanha presidencial

No último dia de campanha presidencial no Paraguai, as ruas da capital, Assunção, ficaram lotadas de carros com enormes adesivos e bandeiras dos dois principais partidos que disputam a presidência: colorado e liberal.

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As duas campanhas convocaram carreatas para o fim da tarde de ontem. No caso dos colorados, os carros saíram de quatro diferentes pontos da cidade para se encontrarem na Praça das Américas, no centro de Assunção.

Apesar da grande mobilização colorada, o candidato do partido à presidência, Horácio Cartes, não esteve presente na festa na capital.

Cartes, que figura na liderança da maioria das pesquisas, escolheu passar sua última noite de campanha na cidade de Presidente Franco, no departamento (Estado) de Alto Paraná, na fronteira com o Brasil.

A ausência não desanimou a estudante Patrícia Villagra, 23, que se diz confiante da vitória colorada no próximo domingo.

Andres Cristaldo/Efe
Candidato do Partido Liberal, Efraín Alegre, cumprimenta simpatizantes durante comício em Assunção
Candidato do Partido Liberal, Efraín Alegre, cumprimenta simpatizantes durante comício em Assunção

"O Cartes se sobressai em tudo o que faz. Até pouco tempo atrás, ele não era político, e olha onde chegou", afirma. Ela diz esperar que, eleito presidente, o colorado invista na educação e na saúde. "Nos debates, ele sempre falou muito disso."

Com uma camiseta vermelha --cor do partido-- onde se lê o aviso "estamos voltando", o presidente da Comissão Permanente da Juventude Colorada, Raul Latorre, 30, é ainda mais assertivo: "A efervescência é grande. E a melhor pesquisa de intenção de voto é a que se sente na pele".

Latorre diz isso porque as pesquisas no Paraguai são pouco confiáveis. Nas últimas sondagens, divulgadas no domingo passado, Cartes aparece 14 pontos percentuais à frente do liberal Efraín Alegre, pela Grau & Associados, e dois pontos atrás de Alegre, pelo levantamento do Gabinete de Estudos de Opinião (GEO).

"O retorno é certo, e vai ser histórico", assegura Latorre.

O Partido Colorado ficou 60 anos no poder, entre 1948 e 2008, até a eleição de Fernando Lugo, que derrotou a candidata Blanca Ovelar nas urnas.

Para a engenheira civil Gabriela Boccia, 28, nem as denúncias de ligação do candidato colorado com o narcotráfico, lavagem de dinheiro e contrabando de cigarros a fazem repensar a escolha de domingo.

"Se ele é tão rico, por que vai querer roubar? Todo político rouba, mas ele já tem muito dinheiro."

LIBERAIS

Não muito longe da Praça das Américas se reuniram os apoiadores de Efraín Alegre -e estes, sim, com a presença do candidato. Os liberais soltaram fogos de artifício e lotaram a chamada Faixa Costeira de Assunção, que margeia o Rio Paraguai, atrás do palácio presidencial.

"Este é o momento de construção da pátria grande e ninguém vai nos deter, ninguém vai nos roubar, nem os que andam querendo comprar desejos. O povo paraguaio não se vende, que saibam disso", afirmou Alegre, em referência a um vídeo que mostra a tentativa de um senador colorado de vender votos no departamento (Estado) de Caaguazú, no centro do país.

O vídeo, divulgado pelo jornal "ABC Color", mostra o senador colorado Silvio Ovelar oferecendo 100 mil guaranis (cerca de R$ 48) a cada voto para o partido. Segundo a rede Telefuturo, a Promotoria disse que investigará o vídeo.


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