O palestino Ammar al Ziben, 38, está detido há 16 anos em Israel. Ele cumpre 27 sentenças de prisão perpétua mais 25 anos, e está proibido de receber visitas íntimas. Ammar dizia à mulher, separado dela por um vidro, que já se considerava morto, incapacitado de dar continuidade à linhagem familiar.
Até que um recente esquema de contrabando de esperma e fertilização in vitro culminou, segundo o médico responsável, no nascimento de um pequeno garoto chamado Muhannad. Seu filho.
Muhannad é o resultado de uma amostra de sêmen traficada de dentro de uma prisão para um laboratório, desafiando as autoridades penitenciárias israelenses.
Mas o garoto é também fruto da convicção do médico Salem Abu Khaizaran, 56, de que é preciso mitigar o drama familiar enfrentado pelos mais de 4.700 prisioneiros palestinos em Israel.
"Somos uma sociedade conservadora, e gostamos de ter filhos", diz à Folha. "Há uma pressão muito grande sob as mulheres. Em alguns casos, se o marido é solto, elas já não estão mais no período fértil e têm de aceitar que ele se case de novo."
A ideia de contrabandear sêmen partiu das lideranças presidiárias, que procuraram Abu Khaizaran para perguntar a ele se a fertilização seria viável do ponto de vista técnico. Seria, e ele concordou em levar o plano adiante.
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