Folha de S. Paulo


Coreia do Norte ameaça retirar operários de fábricas conjuntas com Seul

A Coreia do Norte ameaçou nesta quinta-feira retirar os cerca de 53 mil operários do país que trabalham no complexo industrial de Kaesong, que é operado em conjunto com a Coreia do Sul. O acesso de sul-coreanos à área industrial está fechado há dois dias.

A ameaça de fechar a região de Kaesong é a terceira do regime de Kim Jong-un em menos de dez dias. No dia 27 e no último sábado (30), o governo norte-coreano havia dito que fecharia as fábricas, que são operadas por 120 empresas sul-coreanas e rendem cerca de US$ 470 milhões (R$ 940 milhões) anuais ao país.

Em comunicado, a agência de notícias KCNA disse que o governo pretende fechar o complexo caso "Seul continue a insultar a dignidade dos norte-coreanos". "Se a Coreia do Sul continua a vociferar sobre a região, nós vamos tomar a firme medida de retirar todo nosso pessoal da zona".

O regime comunista declarou que, se a Coreia do Sul fizer uma ação militar para recuperar o complexo, será um exercício de "autodestruição" e lembrou que Seul fica a 40 km da área industrial, insinuando um possível ataque à cidade, que tem 10 milhões de habitantes.

Para Pyongyang, o parque está "à beira da falência" e beneficia apenas aos sul-coreanos. As fábricas são uma das únicas fontes de recursos dos norte-coreanos, que enfrentam uma grave crise humanitária. Kaesong foi o último projeto conjunto dos dois países antes do teste nuclear de 2006.

REAÇÃO

Segundo o governo sul-coreano, os cerca de 400 funcionários que continuam em Kaesong estão autorizados a voltar para casa. O ministro da Defesa, Kim Kwan-jin, disse que o país prepara um plano de contingência militar caso os norte-coreanos mantenham os operários como reféns, mas não deu detalhes.

Na quarta (3), foi negado o acesso aos 484 operários que planejavam ir ao complexo. Outros 33 funcionários que estavam em Kaesong conseguiram voltar.

Horas após o primeiro fechamento, o ministro sul-coreano disse que o Exército do país vai responder "com força" caso a segurança dos sul-coreanos no complexo industrial estiver ameaçada. Ele disse que pode destruir 70% da primeira linha das Forças armadas norte-coreanas em cinco dias.

Editoria de Arte/Folhapress

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