Folha de S. Paulo


Chanceler diz que Dilma ficou em hotel por falta de embaixador

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse nesta quarta-feira que a presidente Dilma Rousseff decidiu ficar em um hotel, e não na residência oficial da Embaixada do Brasil em Roma, porque a missão está em um período de transição entre embaixadores.

Para leitor, atitude da presidente Dilma não foi nada franciscana

Nesta quarta, a Folha informou que foi opção da presidente ficar no hotel Westin Excelsior, em Via Veneto, um dos endereços mais sofisticados de Roma, em vez da residência oficial, um amplo palacete que fica no centro histórico de Roma e que costuma receber mandatários do país. Foi o caso do ex-presidente Lula, em 2005, quando participou do funeral do papa João Paulo 2º.

O ex-ministro da Defesa José Viegas Filho deixou o cargo de embaixador brasileiro em Roma em fevereiro último e será substituído, no fim deste mês, por Ricardo Neiva Tavares, que era representante do Brasil na União Europeia (UE). O encarregado de negócios brasileiro, Luís Henrique Sobreira Lopes, é o responsável por conduzir as relações diplomáticas brasileiras na Itália no período.

Filippo Monteforte/AFP
Embaixada do Brasil em Roma, em 2011; Itamaraty diz que prédio não foi ocupado por Dilma por transição de embaixadores
Embaixada do Brasil em Roma, em 2011; Itamaraty diz que prédio não foi ocupado por Dilma por transição de embaixadores

De acordo com o chanceler brasileiro, foi por causa da ausência de embaixador que Dilma se hospedou em um hotel. "O embaixador Ricardo Neiva Tavares foi designado pela presidenta, e o decreto com a remoção dele da União Europeia [onde está atualmente] foi publicado na sexta-feira [15]."

Ele descreveu a situação como normal. "Não existe vazio. Qualquer chancelaria no mundo enfrenta a mesma situação: a rotação de embaixadores em intervalos regulares. O Itamaraty está acostumado a isso."

O chanceler não explicou o motivo pelo qual a falta de embaixador impede a presença da presidente na embaixada.

QUARTOS

Pela manhã, a ministra da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Helena Chagas, disse que a comitiva ocupou 25 quartos de hotel na viagem, e não 52, como apontou ontem reportagem da Folha. Mais tarde, foi apresentada uma nova versão, de que teriam sido 25 quartos apenas no hotel Excelsior, onde ficou Dilma, mas que parte da comitiva ocupou um número indeterminado de apartamentos em outro hotel.

Conforme afirmou a reportagem ontem, se hospedaram no Westin Excelsior, além de Dilma, assessores, ministros e seguranças, num total previsto de 30 quartos, e outros 22 quartos, para pessoal de apoio, ficaram em outro local próximo.

No Westin Excelsior, a diária da suíte presidencial custa cerca de R$ 7.700, enquanto o quarto mais barato fica por R$ 910. O governo ainda alugou 17 carros para a visita de quatro dias.

Além de assistir à cerimônia de posse do papa Francisco, na terça (19), Dilma se reuniu com a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, após o evento na praça de São Pedro. Nesta quarta, a mandatária se encontrou com o pontífice.

OUTRO LADO

Responsável por pagar as despesas com hospedagem e diárias para alimentação e transporte da comitiva presidencial em viagens internacionais, o Itamaraty informou que ainda calcula os custos da ida da presidente Dilma Rousseff, seus convidados e integrantes da equipe de apoio à Itália.

A Presidência também não respondeu aos questionamentos da Folha, entre eles o número de integrantes da comitiva e o critério usado para selecionar os convidados.

Além do hotel pago pelo Itamaraty e assento no avião da Força Aérea, ministros convidados pela Presidência têm direito a receber 70% da diária internacional que varia de acordo com o país. No caso de viagens à Itália, o valor da diária para autoridades é de US$ 460.

Dilma viajou no domingo (17) a Roma. Viajaram com a presidente os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), Helena Chagas (Secretaria de Comunicação) e Antonio Patriota (Relações Exteriores), além da equipe de apoio da Presidência e do Itamaraty.

A ministra Helena Chagas tem acompanhado a presidente na maioria das viagens internacionais. Gilberto Carvalho, por sua vez, é o principal interlocutor do governo junto à Igreja Católica.
A assessoria de Mercadante informou que, apesar de o MEC não ter nenhum tema sendo tratado com a Santa Sé, ele foi convidado pela presidente para a viagem. Esclareceu também que o ministro ainda não solicitou as diárias.


Endereço da página:

Links no texto: