Folha de S. Paulo


Eleição de latino mostra que a Igreja "se abre", diz CNBB

A eleição de um papa latino-americano mostra que a Igreja "se abre" ao mundo, avaliou o secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Leonardo Steiner.

"A escolha de um latino-americano vem mostrar que a Igreja se abre, está voltada para toda a Igreja. Não é mais uma Igreja só voltada para a Europa", disse dom Leonardo pouco após o anúncio do novo papa.

Ele afirmou que não há frustração pelo papa escolhido não ser um brasileiro e disse que a escolha do argentino foi uma surpresa.

"Ainda estamos surpresos. Foi uma surpresa bonita, muito agradável. Dom Raymundo [Damasceno, presidente da CNBB], quando liguei para ele na segunda-feira, me disse 'dom Leonardo, acho que teremos surpresas'. Ele acertou."

Segundo a reportagem apurou, o nome de Jorge Mario Bergoglio foi recebido realmente com surpresa pelo grupo de bispos e funcionários da CNBB que assistiam à transmissão do anúncio pela TV, até pela idade elevada do novo papa.

Dom Leonardo elogiou a escolha do nome do novo papa. "O nome é muito simbólico, viu? Francisco, um homem de Deus, um homem simples, um homem que soube cantar o amor de Deus. Se Francisco souber cantar o amor de Deus, nós estaremos muito satisfeitos e realizados."

POLÊMICAS

Questionado sobre a posição do novo papa frente à polêmica da pedofilia dentro da Igreja, dom Leonardo afirmou que tem certeza que o papa Francisco levará à frente o trabalho feito pelo papa Bento 16.

"Talvez não seja por nada que tenha sido escolhido um latino-americano, que possa ter um trânsito mais livre em relação a diversas problemáticas, como essa que o papa Bento 16 teve que se envolver diretamente."

O secretário-geral da CNBB disse ainda acreditar que o novo papa saberá tornar a Igreja "mais ágil".

"Sabemos que há necessidades [de mudanças], não podemos ficar com estruturas do passado que não condizem mais. Hoje temos que ser mais ágeis, ouvir, buscar a participação. Certamente o novo papa buscará também tornar a Igreja mais ágil, mais presente e, talvez, sugerirá alguma reforma na Cúria."

Questionado sobre a rivalidade entre brasileiros e argentinos, o secretário-geral disse que ela está restrita ao futebol. "Nós só disputamos no futebol, no afeto ao papa nós somos um. Nos unimos", disse ele.


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