Folha de S. Paulo


Assediado pela imprensa, irmão de d. Odilo se diz cético sobre papa

Assediado por repórteres de todo o mundo, o professor Flávio Scherer, irmão de dom Odilo Scherer, assistiu ao resultado da votação de hoje no Vaticano se dizendo cético sobre as chances do cardeal brasileiro.

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Flávio, 67, diz que deve prevalecer uma visão eurocêntrica na escolha do pontífice. "Acho que ainda não vai sair da Europa. Existe uma tradição de a maioria dos cardeais serem europeus."

Ele acompanhou pela TV o anúncio da manhã desta quarta-feira junto com outro dos 11 irmãos Scherer. A casa de Flávio, em Toledo (PR) virou quase uma sala de imprensa, tamanha a procura da mídia pelos parentes. Uma exposição de fotos antigas do cardeal foi posicionada na sala pela sobrinha Ana, que ajuda a atender os jornalistas.

Flávio pacientemente atende a todos, quase em seqüência. Diz já ter falado com jornalistas japoneses, europeus, americanos e respondido a perguntas inusitadas, como a relação da Igreja com os índios no Brasil.

A família não se preparou para viajar ao Vaticano. A viagem já agendada pelos familiares com dom Odilo não tem nenhuma relação com o conclave: é uma peregrinação a Israel marcada para abril.

FAVORITOS

Além de dom Odilo, arcebispo de São Paulo, estão na lista de favoritos o italiano Angelo Scola, arcebispo de Milão, o canadense Marc Ouellet, arcebispo de Québec. Conta a seu favor o fato de comandar uma arquidiocese de 11 milhões de fiéis no país com o maior número de católicos do mundo.

A eleição no Vaticano, no entanto, ainda não teve um resultado final. Na manhã do segundo dia de votações, a fumaça negra voltou a sair da chaminé da Capela Sistina por volta das 11h39 locais (7h39 em Brasília).

Isso significa que as duas votações desta manhã não reuniram os dois terços suficientes para eleger o novo pontífice, ou 77 dos 115 cardeais com poder de votos. Outras duas votações estão previstas para a tarde desta quarta-feira.

Com o anúncio, centenas de turistas e religiosos que estavam de vigília sob uma chuva fria deixaram a praça de São Pedro que, durante a manhã, registrou público pequeno. A previsão é de que o número de fiéis à tarde seja maior.

Assim como no primeiro dia, o Vaticano reforçou a fumaça preta, para que não ficassem dúvidas sobre a cor do sinal. Em 2005, as emissões da chaminé causaram confusão ao público e aos jornalistas presentes na praça de São Pedro.

As votações desta quarta-feira começaram por volta das 9h30 locais (5h30 em Brasília), após uma missa de uma hora de duração na Capela Paulina. Segundo o Vaticano, as cédulas das duas votações serão queimadas juntas, tanto no fim da manhã como no início da noite, exceto se o novo papa for escolhido.


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