Folha de S. Paulo


Estamos convencidos de que reforma é necessária, diz cardeal tcheco

Para o cardeal tcheco Miloslav Vlk, 80, arcebispo de Praga, o próximo papa precisa reformar a cúria romana, resolver os problemas no Banco do Vaticano e de pedofilia na Igreja, além de ser aberto para o mundo.

Ele, apesar de não participar do conclave por causa da idade, esteve durante os últimos dias presente nas congregações gerais e externa uma posição de parte dos eleitores insatisfeitos com os diversos e recentes escândalos sexuais e as suspeitas de corrupção envolvendo a cúpula da igreja católica em Roma.

Vlk diz, por exemplo, que o próximo pontífice precisa de "um bom grupo de conselheiros" e que "todos estão convencidos" de que a cúria precisa de uma reforma.

Ao final da missa da manhã desta terça-feira, parte dos cardeais que não participam do conclave saíram caminhando pelas ruas de Roma. A maioria não falava com a imprensa, mas o tcheco conversava tranquilamente com os jornalistas que o abordavam. Confira abaixo a entrevista na qual a Folha participou:

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Gostaria de saber....

Qual o meu candidato [a papa]? Isso eu não sei. De qual parte do mundo virá? também não sei.

Gostaria de saber qual o perfil necessário para o atual momento e o futuro da igreja?

Essas coisas já foram ditas claramente por Lombardi, porque esses temas foram discutidos nas congregações gerais. [A igreja precisa de] um papa que entende os problemas atuais da igreja, ou seja, a reforma na cúria vaticana, pedofilia e IOR [Instituto para obras religiosas - Banco do Vaticano] e que seja capaz de resolvê-los.

Ele tem de ter um bom grupo de conselheiros, que seja capaz de governar. Por exemplo, as congregações romanas tem contato com o papa, mas entre eles têm pouco. Eles precisam ter contato entre eles. Esse candidato deve ser aberto para o mundo e para os problemas do mundo e da sociedade. Para a evangelização que a igreja deve fazer como um dever primário.

Sodano falou hoje de um papa pastor hoje na homilia...

Sim. São tantos aspectos. Aquilo que o [decano do Colégio de Cardeais, Angelo] Sodano falou é algo básico. O Amor. Isso não significa que é tudo. É um ponto de partida básico.

Então você acredita que a Cúria precisa de uma reforma?

Sim. Estamos todos convencidos sobre isso.

Ou seja, um candidato da cúria não seria a melhor opção neste momento?

Poderia ser, exatamente por que conhece bem a Cúria. [risos]

Você participou do conclave de 2005?

Sim.

E como é entrar na capela e se fechar?

É muito emocionante, pela atmosfera da capela e as cerimônias muito preparadas. É uma emoção muito grande. A gente decide, com a colaboração do Espírito Santo, a história da igreja.

Pela sua experiência, quando sai o resultado?

Difícil de dizer, mas me parece que não será tão breve como foi na escolha do [cardeal Joseph] Ratzinger. Não posso dizer certamente, mas acho que não antes de quinta [dia 14].


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