Folha de S. Paulo


Chanceler sírio critica ajuda financeira dos EUA a rebeldes

O ministro de Relações Exteriores da Síria, Walid al Moualem, criticou neste sábado a ajuda financeira dada pelos Estados Unidos aos rebeldes que combatem há quase dois anos contra o governo do ditador Bashar Assad.

A ajuda de US$ 80 milhões (R$ 156 milhões) foi concedida na quinta (27), durante reunião de países aliados dos rebeldes, conhecidos como Amigos da Síria, em Roma. A doação inclui ajuda humanitária, equipamentos de comunicação e suprimentos não letais. Não serão enviadas armas aos rebeldes.

Para Moualem, Washington possui uma política externa de "duas caras". "Isso não é mais que uma política de duas caras. Alguém que busca uma solução política ao conflito não pune o povo sírio", disse, em entrevista coletiva com o chanceler do Irã, Ali Akbar Salehi, em Teerã.

Para Salehi, a decisão prolongará o conflito na Síria. "Se você realmente sente pena da atual situação na Síria, você deveria forçar a oposição a sentar na mesa de negociações com o governo sírio para encerrar a violência. Por que você encoraja a oposição a continuar com esses atos de violência?"

A mídia estatal síria também criticou o governo de Barack Obama por dar ajuda aos opositores sírios e disse que isso pode prejudicar os interesses americanos no Oriente Médio. Em editorial, o jornal "Al Thawra" afirmou que, com a ajuda, "Washington está apoiando o terrorismo na Síria".

A publicação diz que a ajuda pode ser um tiro pela culatra dos americanos. O regime sírio chama os rebeldes de terroristas, cuja intenção seria destruir a estabilidade do país árabe. O conflito na Síria já deixou mais de 70 mil mortos, segundo a ONU.

CONFRONTOS

Neste sábado, o grupo opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres, informou que dezenas de rebeldes e soldados leais a Assad morreram em combates e bombardeios em Raqaa, no nordeste do país.

Segundo o presidente da entidade, Rami Abdel Rahman, os confrontos começaram quando os rebeldes atacaram postos militares e um quartel das forças migratórias da cidade, que fica próxima à fronteira com a Turquia.

Rahman disse que o regime respondeu à ofensiva rebelde com bombardeios aéreos e de artilharia. A cidade também abriga um dos campos que abrigam os mais de 2 milhões de refugiados internos do país, a maioria provenientes de Deir ez Zor.

O regime sírio não confirmou a ação. As informações não podem ser confirmadas de forma independente devido às restrições impostas pelo regime sírio à entrada de jornalistas e organizações internacionais no país.


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