Folha de S. Paulo


ONU diz que não pagará compensações por cólera ao Haiti

A Organização das Nações Unidas disse nesta quinta-feira que não irá pagar centenas de milhões de dólares em compensações reivindicadas por vítimas de cólera no Haiti, onde uma epidemia atribuída a forças de paz da ONU já matou milhares de pessoas.

A cólera, uma infecção que causa diarreia grave, que pode levar à desidratação e morte, já matou 7.750 haitianos e adoeceu quase 620 mil desde outubro de 2010. A doença ocorre em locais com saneamento precário.

Em novembro de 2011, o Instituto para a Justiça e Democracia sediado em Boston entrou com uma petição na sede da ONU, em Nova York, buscando um mínimo de US$ 100 mil para as famílias ou parentes próximos de cada pessoa morta pela cólera e pelo menos US$ 50 mil para cada vítima que sofreu doença ou lesão pela doença.

O porta-voz da ONU Martin Nesirky disse que a entidade aconselhou os representantes das vítimas de cólera que "as reivindicações não eram recebíveis sob os termos do Artigo 29 da Convenção sobre Privilégios e Imunidades".

O Instituto para Justiça e Democracia no Haiti afirmou que estava decepcionado com a decisão da ONU e que agora vai prosseguir com o caso no Haiti, ou Estados Unidos, ou na Europa.

"A ONU está deixando passar uma oportunidade de acabar com as mortes pela cólera", disse o diretor do instituto, Brian Cocannon. "A ONU está deixando passar uma oportunidade para assumir a liderança no avanço do Estado de Direito."

Um painel independente designado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para estudar a epidemia divulgou um relatório em maio de 2011 que não determinou conclusivamente como a cólera foi introduzida no Haiti.

Mas os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos apontaram em junho de 2011 que fortes evidências sugeriam que a fonte de contaminação eram os mantenedores de paz da ONU vindos do Nepal.


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