Folha de S. Paulo


Imprensa diz que ventos provocaram queda de helicóptero de Oviedo

A imprensa do Paraguai afirma nesta segunda-feira que o acidente de helicóptero que matou o candidato presidencial Lino Oviedo teria sido provocado por ventos fortes que atingiam a região de Presidente Hayes, onde o aparelho caiu.

O acidente foi na noite de sábado (2), quando Oviedo saía de sua estância em Concepción com destino à capital Assunção. Com o impacto da queda, os restos dos corpos do ex-militar, do segurança Denis Galeano e do piloto Ramón Picco se espalharam por um raio de cem metros.

O jornal "Ultima Hora" consultou dois pilotos, um militar e um civil, que atribuíram aos ventos a queda do helicóptero Robinson 44. O ex-comandante da Brigada Aérea da Força Aérea do Paraguai, Fernando Noldin, disse que não acredita na hipótese de atentado.

"Isso não deve ter acontecido. Quando eles saíram, estavam no radial 22,23 do aeroporto de Assunção. O acidente foi fora desse radial, o que quer dizer que ele saiu da rota. O mais provável é que ele tenha encontrado algumas nuvens e tenha começado a subir e descer".

O piloto civil Lino Paniagua, que acompanha as investigações, também considerou a hipótese. "Acho que a natureza contribuiu muito. No momento do voo, formava-se uma tempestade, o que prejudica qualquer voo. Um helicóptero desse tamanho numa situação dessas é como um papel no ar".

O integrante da Divisão Geral de Meteorologia paraguaia, José Fariña, afirmou que a região de Presidente Hayes passava por uma tempestade grande. As informações sobre as condições climáticas coincidem com relatos de testemunhas, que disseram que o aparelho voava baixo e tinha dificuldade de se manter no ar.

Apesar das informações preliminares, a Direção Nacional de Aeronáutica Civil não descarta nenhuma hipótese sobre o acidente. O diretor Carlos Fugarazzo disse que as investigações não devem ser apressadas e que o resultado final das investigações não deverá sair em menos de 60 dias.

CORPOS

Devido ao estado em que ficaram os corpos dos três tripulantes, a polícia não deu previsão de quanto tempo levará para conseguir montar por inteiro os restos mortais. O diretor de Medicina Legal, Pablo Lemir, comparou a operação a um quebra-cabeça.

"Temos mais pedaços e partes do piloto, que estava na parte da frente da aeronave. Oviedo e seu segurança estavam na parte de trás, que ainda está enterrada. Ainda não sabemos o que vamos ter", disse, ao jornal "ABC Color".

Lemir anunciou que serão feitos informes sobre as buscas de 12 em 12 horas até que os restos mortais sejam identificados, o que poderia levar até dois meses. Devido à demora, peritos sugeriram à família que fizesse um velório simbólico.

Oviedo tinha 69 anos e o candidato do Partido União Nacional dos Cidadãos Éticos à Presidência do Paraguai. Participante do golpe que derrubou o general Alfredo Stroessner (1989), Oviedo fez, ao longo de sua vida, várias tentativas, democráticas e ilícitas, de chegar à Presidência.

Ele foi acusado de tentar um golpe militar em 1996, que foi evitado após articulação do brasileiro Fernando Henrique Cardoso. Em 1998, foi condenado a dez anos de prisão pelo golpe e pediu asilo na Argentina e no Brasil, onde ficou quatro anos.

Retornou ao Paraguai em 2004 e, em 2007, foi absolvido da acusação de armar o golpe de 1996. Sua condenação foi anulada.


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