Folha de S. Paulo


Rússia diz que acordo com EUA sobre adoção será válido até 2014

Uma lei que permite cidadãos americanos adotarem crianças russas será válida por mais um ano, apesar da decisão recente de Moscou em proibir cidadãos dos Estados Unidos de adotar crianças do país, anunciou o Kremlin nesta quinta-feira (10).

O acordo de adoção assinado pela Rússia e pelo EUA será válido até janeiro de 2014. Segundo autoridades, o documento prevê que o acordo permaneça ativo por um ano após uma das partes resolver revogá-lo.

"O acordo está ativo agora", disse Dmitri Peskov, porta-voz do presidente, Vladmir Putin.

Autoridades russas disseram anteriormente que o projeto de lei assinado por Putin no mês passado --que proíbe a adoção de órfãos russos por famílias americanas-- entraria em vigor ainda este ano.

Cerca de 1.500 adoções de crianças russas por famílias dos EUA estão em processo em tribunais russos. Tais processos, segundo autoridades da Rússia, serão concluídos.

PROIBIÇÃO

A medida aprovada pela Rússia foi considerada uma retaliação a uma medida recentemente aprovada pelo Congresso americano e assinada pelo presidente Barack Obama.

A chamada Lei Magnitski --em homenagem ao advogado russo Sergei Magnitski-- impôs restrições a vistos e congelou contas de um grupo de oficiais russos supostamente ligados à morte do advogado, ocorrida em 2009, enquanto ele cumpria prisão preventiva.

Há pelo menos 600 mil órfãos na Rússia. Nas duas últimas décadas, mas de 60 mil foram adotados por famílias dos EUA --os processos variam entre 1.000 e 3.000 por ano. As famílias russas adotam cerca de 7.000 crianças anualmente.

PROTESTO

Setores da oposição russa está planejando uma "marcha contra os corruptos" para o próximo domingo (13). Eles planejam carregar retratos dos legisladores e senadores que apoiaram a lei e do presidente, Vladmir Putin, segundo disseram alguns líderes da oposição na internet.

"O lado anti-americano no Kremlin recentemente foi longe de mais e agora faremos nossas primeiras tentativas para conter essa tendência", disse Andrei Kurtunov, presidente da Fundação Nova Eurásia.

"Eu não posso prever o quão longe o Kremlin está pronto para ir para consertar a situação", disse. "Pelo menos há esperança de que várias centenas de órfãos russos escolhidos por famílias americanas finalmente possam se juntar a elas no futuro".


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