Folha de S. Paulo


Igreja pede moderação do Kremlin em nova lei sobre religião

O patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa da Rússia e aliado do presidente Vladimir Putin, pediu neste domingo (6) para que o Kremlin seja moderado na nova legislação sobre religião, que poderá ter penas mais rigorosas a ofensas religiosas.

O partido governista Rússia Unida propôs uma lei que prevê prisão para ofensas religiosas. No ano passado, a banda punk Pussy Riot fez um protesto na principal catedral de Moscou contra a proximidade entre Putin e a Igreja.

Duas integrantes da banda foram presas por causa do protesto.

Em comentários publicados às vésperas do feriado de Natal da Igreja Ortodoxa, Kirill, que já chamou o governo Putin de um "milagre de Deus", afirmou que a legislação não deve limitar os direitos dos cidadãos.

"Quaisquer atos regulatórios sobre a proteção de símbolos religiosos e o sentimento dos fiéis devem ser trabalhados com escrúpulos, para que esses atos não sejam usados para limitar a liberdade de expressão e de auto expressão criativa", disse Kirill, citado pela agência de notícias Interfax.

Ele também declarou que as leis religiosas da Rússia precisam de melhorias.

"Uma multa de centenas de rublos por inscrição de blasfêmias numa igreja, mesquita ou sinagoga mostra que a sociedade não se dá conta totalmente da importância de proteger os sentimentos religiosos dos fiéis", completou.

Putin se aproximou da Igreja depois dos protestos de rua que enfrentou contra a sua vitória eleitoral e após uma campanha contra a banda Pussy Riot ter trazido à tona sentimentos religiosos e nacionalistas.

Ativistas dizem que a nova lei pode tornar pouco clara a fronteira entre Igreja e Estado na Rússia.

A Igreja Ortodoxa ganhou força depois do colapso da União Soviética, em 1991.


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