Folha de S. Paulo


G20 vai discutir regulação mundial para moedas virtuais

Edgar Su/Reuters
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Líderes das maiores economias mundiais planejam discutir uma estrutura regulatória mundial para as criptomoedas, na próxima conferência do G20 (Grupo dos 20), em março, disse Benoît Couré, do BCE (Banco Central Europeu), nesta sexta-feira (26).

Falando no Fórum Econômico Mundial de Davos, Couré alertou para o fato de que as autoridades econômicas deveriam se concentrar nas oportunidades criadas pelas criptomoedas, e introduzir regras que protejam os investidores a previnam atividades ilícitas.

"Como você compreende e como você controla esses portais entre o universo das moedas paralelas e o sistema financeiro regular?", questionou o membro do conselho do BCE. "Isso está sendo discutido, e haverá respostas".

"Mas não percam de vista as oportunidades", acrescentou.

"O avesso dessa discussão, aquilo que o bitcoin diz a nós como dirigentes de bancos centrais, é que nossos sistemas de pagamentos são caros demais e lentos demais, e temos de agir quanto a isso e criar métodos melhores de pagamento transnacional, porque isso é bom para o desenvolvimento e para a inclusão financeira."

Os comentários dele foram incomumente positivos para um dirigente de banco central, quanto a um assunto como as criptomoedas.

Muitos dos colegas de Couré preferem tomar como foco os riscos de investir em um ativo tão volátil e opaco.

Depois de uma disparada no valor de mercado combinado das criptomoedas, de US$ 20 bilhões para US$ 540 bilhões, o fenômeno —e a tecnologia blockchain que o embasa— se tornou impossível de ignorar pela elite das finanças, a despeito de suas denúncias sobre o bitcoin, especialmente, como "fraude", "índice de lavagem de dinheiro" e mais.

"Vamos agir quanto aos riscos e quanto a regulamentação e proteção dos investidores primários, mas também quanto à lavagem de dinheiro e ao financiamento para o terrorismo", disse Couré.

"A comunidade internacional vai se reunir e preparar uma resposta, e minha expectativa, por exemplo, é que a reunião do G20 em Buenos Aires, em março, se concentre muito nessas questões".

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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