Folha de S. Paulo


Lapônia tem 'disputa' de papais noéis e atrai peregrinação até de chineses

Oliver Morin/AFP
Papai Noel conversa com crianças em seu escritório, na cidade de Rovaniemi
Papai Noel conversa com crianças em seu escritório, na cidade de Rovaniemi

Na vila do Papai Noel, perto do círculo polar Ártico, está o autointitulado Papai Noel Oficial, um finlandês que se recusa a contar seu verdadeiro nome, insistindo em que é, de fato, o sr. Noel.

Alguns metros adiante, em um estabelecimento concorrente, está o Segundo Papai Noel, cujo nome é Kari Eskeli, 65, também finlandês. Quando o Natal acaba, ele volta ao lar no calor das ilhas Canárias, na Espanha. "Mal posso esperar", diz, rindo.

Há também o autoproclamado Papai Noel Malvado, um contador de histórias extrovertido locado no andar debaixo do Papai Noel Oficial.

"Este lugar está explodindo agora, está realmente decolando", disse Wolfgang Kassik, um consultor de negócios austríaco com uma longa barba cinza e natural, casado com uma finlandesa. "Pessoalmente, no entanto, não gosto de crianças".

Pode ser um problema.

Nesta época do ano, cerca de 20 aviões de passageiros aterrissam na capital da Lapônia finlandesa por dia, trazendo famílias de vários países e crianças de olhos arregalados para um lugar nevado que é, pelo menos para os jovens, uma recriação convincente do polo Norte.

O código postal "oficial" do Papai Noel (96930) atrai meio milhão de cartas por ano. O município de Rovaniemi, em um triunfo de marketing, registrou sua marca: "A cidade oficial do Papai Noel".

Quem se preocupa com a crescente secularização do Natal confirmará, nessa vila, alguns dos seus piores medos. Há boatos de que há um presépio na cidade, mas encontrá-lo é um desafio.

Apesar das temperaturas abaixo de zero, 330 mil pessoas de 180 países vêm visitar o Papai Noel e compram fotos de R$ 200 com ele.

Muitos dos turistas não são cristãos nem tampouco de países que celebram o Natal. O maior grupo de visitantes são os chineses, que vêm sem os seus filhos, já que não há férias escolares nesta época do ano no país asiático.

Barry e Leanne Smyth, da Irlanda, trouxeram suas filhas, Lauren, 9, e Jodie, 4, depois que uma caixa de presentes chegou a sua casa com uma carta de Santy (como é conhecido na Irlanda), convidando as meninas a visitá-lo.

Três mulheres de 30 anos de Macau tiveram dificuldade em explicar por que vieram, enquanto esperavam seus retratos com Papai Noel serem impressos.

"Eu só queria dizer que vi Papai Noel", disse Sukie Wong. "Não pedimos nada."


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