Folha de S. Paulo


Vale vê perfil novo de investidor após aderir a nível de governança da Bolsa

A Vale já percebe a entrada de um perfil novo de investidores após a decisão da empresa de aderir ao Novo Mercado, segmento de governança mais rígida da Bolsa brasileira, afirmou nesta sexta (22) Fabio Schvartsman, presidente da mineradora.

Na cerimônia que marcou a migração das ações da companhia ao Novo Mercado, Schvartsman afirmou que alguns investidores que não compravam ações da empresa passaram a adquirir depois da mudança de nível na Bolsa.

"A gente começa a ver um outro tipo de investidor que se interessa pela Vale com a entrada no Novo Mercado. Você percebe nomes novos entrando no papel, investidores que nunca tinham entrado antes já estão começando a comprar o papel. Agora como vai ficar, até onde isso vai, a gente não sabe, o tempo que vai dizer", afirmou.

Às 12h15, os papéis da Vale subiam 1,09%, para R$ 39,80.

Entre esse perfil novo, complementou, estão grandes fundos internacionais que nunca haviam investido na mineradora. "Além dos que normalmente compravam ações, a gente começa a ver investidores com qualificações específicas, o que exigiu níveis de governança maiores da Vale", disse.

"Por exemplo, grandes fundos de pensão costumam ter este tipo de restrição, não os brasileiros, mas os internacionais. Isso dá à Vale acesso a um grupo de investidores muito maior do que ela tinha antes, consequentemente provendo maior liquidez aos acionistas em geral, que é o proposito no final do dia deste processo. Eles começaram aos pouquinhos, nada muito extraordinário, mas já começaram. Eu tenho a impressão e a expectativa de que este seja o começo", ressaltou.

Ele comentou ainda a entrada da empresa no nível de governança maior da Bolsa. "A Vale agora passa a ser uma empresa que está no mais alto padrão de governança do mercado de capitais brasileiro, que vai evoluir continuamente a partir de agora na direção de aprender a trabalhar nesta nova governança ao longo dos anos, entregando um trabalho de grande qualidade de volta para a sociedade", ressalta.

A entrada da mineradora no Novo Mercado faz parte do plano de reestruturação societária anunciado pela empresa em fevereiro.

A proposta aprovada previa a conversão das ações preferenciais em ordinárias, uma exigência para que a empresa pudesse ser listada no Novo Mercado. A Valepar, empresa detida por Bradesco e pelos fundos e que exerce o controle da mineradora, foi incorporada pela Vale.

Desta forma, a companhia passou a não ter um bloco de controle definindo os rumos da companhia, o que reduz também os riscos de ingerência política na gestão.

META

Schvartsman afirmou que a entrada no Novo Mercado representa a nova Vale. "Representa a Vale mais rentável, representa a Vale em processo rápido de desalavancagem, representa a Vale criando mais valor a todos seus acionistas", disse.

A expectativa do presidente da Vale é de entregar "um ano excelente" aos acionistas em rentabilidade, geração de caixa e desalavancagem.

Segundo Schvartsman, a mineradora agora entrou em uma "era de dividendos". "A Vale vai virar uma grande pagadora de dividendos, se tudo correr bem. Esse é o nosso propósito, afinal os acionistas tiveram muita paciência e ajudaram muito a Vale a atravessar esse período difícil, com muita dívida, com o fim do super ciclo [de minério]", diz.

"A Vale passou por um período apertado, os acionistas tiveram fé, ajudaram a Vale e agora é a vez de a Vale recompensar", ressaltou. Essa política será anunciada ao mercado em março de 2018, após controladores e conselheiros se reunirem e aprovarem.

A empresa tem atualmente US$ 21 bilhões em dívida líquida e o objetivo é reduzir esse montante para US$ 10 bilhões, ressaltou o presidente, que prevê fazer isso "o mais rápido possível". "Agora, a Vale vai gerar muito caixa nas suas próprias operações. A desalavancagem vai se dar operacionalmente, e não através da venda de ativos", disse.


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