Folha de S. Paulo


Teste do Facebook afeta mais a mídia profissional que 'fake news'

Raphael Satter - 2.dez.2016/Associated Press
This photograph taken in Paris Friday Dec. 2, 2016 shows stories from USA Daily News 24, a fake news site registered in Veles, Macedonia. An Associated Press analysis using web intelligence service Domain Tools shows that USA Daily News 24 is one of roughly 200 U.S.-oriented sites registered in Veles, which has emerged as the unlikely hub for the distribution of disinformation on Facebook. Both stories shown here are bogus. (AP Photo/Raphael Satter)? ORG XMIT: PAR109
Site de fake news americano

Estudo do site eslovaco "Denník N", o primeiro a identificar o teste do Facebook que retirou todos os posts de jornalismo do Feed de Notícias (a página inicial dos usuários) em seis países, mostra que a mudança atingiu mais o jornalismo profissional do que os sites de "fake news".

Desde outubro, as interações (likes, comentários e compartilhamentos) nas páginas das 50 maiores empresas de mídia da Eslováquia caíram 52%. Já as interações dos "sites e páginas de desinformação", que produzem notícia falsa para obter tráfego e publicidade, caíram 27%.

Segundo Filip Struhárik, diretor digital do "Denník N", "felizmente, os níveis de tráfego dos principais sites noticiosos se mantêm quase sem alteração", embora aqueles com "a maior parte oriunda do Facebook tenham enfrentado queda de dezenas de pontos percentuais".

Ele cita, como lições tiradas do episódio, que as "páginas do Facebook não são tão importantes como se pensava", ao contrário do compartilhamento via usuários, e que é preciso "diversificar as fontes de tráfego", citando newsletters, notificações e otimização de busca (SEO) no Google.

Os outros cinco países afetados pelo teste foram Bolívia, Guatemala, Sérvia, Camboja e Sri Lanka.

Antes mesmo do estudo do "Denník N", o diretor digital do "La Razón" de La Paz, Baldwin Montero, confirmou a queda de tráfego e afirmou a necessidade de estimular o compartilhamento feito diretamente por usuários, "por exemplo, por meio das contas pessoais dos jornalistas".

Ele diz que o Facebook não pode ser descartado como "ferramenta de apoio à difusão dos conteúdos", mas que o jornal "não pode depender dele, justamente por decisões como essa, em que muda as regras".

EUA

Outro levantamento, do Nieman Lab, da Universidade Harvard, mostra que vem caindo também no Facebook americano a apresentação de jornalismo (em definição ampla, incluindo sites de celebridades e esportes e até conteúdo patrocinado) pelo Feed de Notícias.

Na virada de outubro para novembro, o estudo levantou imagens reproduzindo os dez primeiros posts nos feeds de 402 pessoas nos EUA, maiores de 18 anos. E concluiu que metade dos pesquisados não viu sequer um conteúdo noticioso, na amostra coletada.

Na outra metade, que viu pelo menos um post com notícia entre os dez primeiros, "apenas 4% vieram diretamente de veículos jornalísticos".


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