Folha de S. Paulo


Nova regra limita proteção de investidor se instituição quebrar

A decisão do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) de mudar a proteção em caso de quebra de instituições financeiras deve impactar pouco a maioria dos investidores, mas pode afetar bancos menores, que se beneficiaram desse mecanismo nos últimos anos.

O fundo estabeleceu um limite de garantia de R$ 1 milhão por CPF, segundo informação antecipada pelo jornal "Valor Econômico" e confirmada pela Folha.

Hoje, o investidor conta com garantia de R$ 250 mil por CPF e por instituição. Ou seja, um investidor com R$ 5 milhões em títulos bancários teria a garantia do FGC se distribuísse o valor por 20 instituições –é preciso considerar os rendimentos na conta.

Pelas regras novas, que serão apreciadas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em reunião nesta quinta (21), o limite de R$ 1 milhão terá prazo de quatro anos. A garantia por emissor, no entanto, será mantida em R$ 250 mil.

Um investidor com R$ 1 milhão em produtos garantidos pelo FGC veria sua proteção diminuir para R$ 750 mil em caso de quebra de banco.

O FGC garante produtos emitidos por instituições financeiras, como CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio), além da poupança.

No caso de depósitos a prazo, como CDBs, mais de 98% dos clientes protegidos pelo fundo tinham aplicação até R$ 250 mil, segundo o FGC.

Para Michael Viriato, professor do Insper, a mudança deve fazer com que bancos menores ofereçam ganho ainda maior aos investidores para captar recursos.

"Muitos desconsideravam o risco dessas instituições por causa da garantia do FGC. Agora, vão ter que analisar melhor o título e o emissor."

Betty Grobman, sócia da BSG Duo Prata, acredita que a captação dessas instituições será afetada. "Pode gerar um efeito psicológico no investidor de sentir que não há mais proteção. A tendência é que eles voltem aos bancos grandes e esse banco menor perca recursos", diz.

Por outro lado, a regra nova não deve provocar migração para outros produtos, segundo Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos. "É mais uma questão de perfil. Eles podem buscar crédito privado. Não vejo nenhuma mudança drástica nos investimentos", afirma.


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