Folha de S. Paulo


Com alta de 0,29%, economia do Brasil cresce acima do esperado em outubro

O indicador de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) surpreendeu ao subir 0,3% em outubro sobre setembro, um sinal forte, segundo analistas, de que a economia pode crescer um pouco mais de 1% em 2017.

Na média, a expectativa era que o indicador do BC registrasse estabilidade.

Em relação a outubro de 2016, a alta foi de 2,9%, o melhor resultado desde fevereiro de 2014. Em 12 meses, o índice agora está no terreno positivo (+0,2%), o que ocorre pela primeira vez em 34 meses, segundo a consultoria Rosenberg Associados.

Os especialistas foram pegos de surpresa porque alguns dos principais componentes do indicador do BC tiveram um desempenho fraco em outubro. Os serviços, por exemplo, caíram 1,4% no período). Além disso, a alta da indústria, de 0,2% naquele mês, não foi suficiente para melhorar o índice.

Como o Banco Central não abre os dados, detalhando o que estimulou o IBC-Br, economistas consideram que a agropecuária pode ter registrado um resultado atípico para o mês ou que o indicador pode ter sido favorecido pela arrecadação de impostos.

"Agro tem uma sazonalidade bem desenhada, mas é possível que a alta do IBC-Br em outubro seja explicada por aí", diz Thiago Xavier, da consultoria Tendências.

Para ele, a alta do indicador alimenta a expectativa de que o último trimestre do ano seja melhor do que o pequeno avanço de 0,1% previsto inicialmente pela média dos analistas para o período.

André Perfeito, da Gradual Corretora, lembra que o IBC-Br incorpora dados da arrecadação federal e que a alta de 14,25% sobre setembro pode ter explicado o movimento positivo.

"Se o governo está arrecadando mais, quer dizer que a atividade está mais forte."

É verdade que em outubro de 2016 os dados de arrecadação foram ainda melhores. Em compensação, diz o economista, o tombo da indústria e de serviços, dois dos principais componentes do IBC-Br, foi bem maior.

Para Marco Caruso, do Banco Pine, o fato de a atividade crescer apesar de serviços e varejo tão fracos é sinal de que a recuperação econômica é mais disseminada.

Em suas contas, se em novembro e dezembro a economia ficar estável, o índice de atividade do BC vai encerrar o quarto trimestre em alta de 0,4% –o mesmo resultado previsto para o PIB (Produto Interno Bruto) do IBGE.

"Apesar do noticiário político e fiscal, a recuperação está caminhando",diz Caruso, que espera expansão de 2,5% para o PIB de 2018.


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