Folha de S. Paulo


Faculdades preparam demissões após corte em massa da Estácio

Ricardo Moraes/Reuters
A building of Estacio college is pictured in Rio de Janeiro, Brazil, June 30, 2016. REUTERS/Ricardo Moraes ORG XMIT: RJO09
Prédio do grupo de ensino superior Estácio, no Rio

Após a demissão de 1.200 professores anunciada pela Estácio no início deste mês, outras instituições de ensino superior dispensaram dezenas de docentes ou preparam cortes para os próximos dias.

A Metodista mandou embora cerca de 50 professores, conforme cálculos do Sinpro-ABC (sindicato do ABC), que relata atrasos nos salários e no 13° desde 2015. A escola não quis comentar.

Na semana passada, a Cásper Líbero desligou 13.

"Com aproximadamente 90 docentes, em janeiro já temos programado o processo seletivo para reposição das vagas", diz a Cásper em nota.

Mais cortes estão sendo discutidos com sindicatos. A Laureate, dona da Anhembi Morumbi, se reúne na terça (19), segundo a Fepesp (Federação dos Professores do Estado de São Paulo).

"O que eles estão garantindo é que farão o mínimo possível de demissões e de estrago na remuneração dos professores", diz Celso Napolitano, presidente da Fepesp.

A Anhembi Morumbi afirma que as instituições de ensino superior alteram o quadro de docentes no encerramento de cada semestre letivo em razão de um "ciclo natural do segmento".

É comum que os cortes ocorram em dezembro devido a convenções coletivas da categoria que restringem as demissões no resto do ano. Mas o movimento se aprofundou, segundo sindicatos.

"As instituições alegam que é a crise, mas a gente pensa que é a reforma trabalhista", diz José Maggio, presidente do Sinpro ABC.

"Estourou mais forte agora porque estão reestruturando custos", diz Napolitano.

O número exato de demissões em cada escola deve ser divulgado nas assembleias que ocorrerão nesta semana.

"Estão aproveitando a nova lei. Não acredito que vão usar o trabalho intermitente. Acho que o objetivo é trocar quem ganha mais por outros que ganhem menos ou reduzir carga horária para cortar custos", afirma Napolitano.

Silvia Barbara, diretora do Sinpro-SP (sindicato de São Paulo), atribui as demissões à redução do Fies e ao avanço do ensino a distância. "As instituições tiveram um ciclo de expansão grande devido ao financiamento público, em especial desde 2010. Após 2014, os financiamentos ficaram mais restritos, e as instituições estão buscando manter suas margens de lucro", afirma Barbara.

Os sindicatos estimam que o Mackenzie anunciará perto de cem demissões. Em nota, a instituição diz que implementou novos projetos pedagógicos "cujas matrizes curriculares foram atualizadas para vigorar a partir do primeiro semestre de 2018".

Alunos se sentem lesados. No caso da Metodista, fizeram protesto. "Minha pesquisa estava sendo encaminhada para a Fapesp quando aconteceu isso e fiquei sem a orientadora. Como eles vão substitui-la por um professor que não tem a mesma linha de pesquisa?", diz Melissa Galdino, aluna de jornalismo.


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