Folha de S. Paulo


Investidores oferecem preço mínimo por ações da BR Distribuidora

A Petrobras obteve o preço mínimo de R$ 15 por ação da BR Distribuidora, em operação de abertura de capital da companhia concluída nesta quarta (13). De acordo com o registro da operação na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o negócio movimentou R$ 5 bilhões, com a venda de uma fatia equivalente a 28,75% do capital da subsidiária.

Foi a maior oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) na bolsa brasileira desde 2013, quando o Banco do Brasil obteve R$ 11,4 bilhões com a abertura de capital da BB Seguridade. Nesta quinta (14), o Burger King deve precificar suas ações na bolsa, em operação estimada em até R$ 2,5 bilhões.

O IPO da BR é parte do plano de venda de ativos da Petrobras, com o qual a empresa espera levantar US$ 21 bilhões até o final de 2018. A empresa não se pronunciou sobre a operação.

As projeções iniciais indicavam um preço entre R$ 15 e R$ 19 por ação, e uma arrecadação máxima de R$ 7,5 bilhões, se todos os papéis disponíveis fossem vendidos ao preço máximo. Neste caso, a empresa colocaria no mercado 33,75% do capital da companhia.

A avaliação é que as incertezas com relação à situação política e econômica do país, com notícias sobre o adiamento da votação da reforma da Previdência, tiveram impacto no apetite dos investidores. Fontes próximas à operação defendem, porém, que a empresa tem potencial de valorização, caso consiga melhorar sua governança.

Maior distribuidora do país em volume de vendas, a BR perde para Ipiranga e Raízen - que opera com a marca Shell - em termos de rentabilidade: nos primeiros nove meses de 2017, vendeu 7,8 bilhões de litros e teve geração de caixa de R$ 1,8 bilhão.

Este último indicador é 18% menor do que os R$ 2,2 bilhões apresentados pela Ipiranga, que vendeu 6 bilhões de litros no período, e pela Raízen, que registrou vendas de 4,6 bilhões de litros.

Para atrair investidores, a Petrobras prometeu um conselho de administração com pelo menos 50% dos membros independentes.

Além disso, anunciou um novo plano estratégico para a subsidiária, que prevê diversificar as fontes de suprimento de combustíveis, ampliar a presença no mercado de postos e buscar fontes alternativas de receita por meio da rede de lojas de conveniência.

"Acreditamos que a BR tem muito a melhorar; contudo, mesmo que se torne muito eficiente, não vemos ela diminuindo a diferença em relação aos concorrentes", escreveram por ocasião do anúncio de detalhes da oferta os analistas do UBS Luis Carvalho e Julia Ozenda.

Eles alegam que os postos, o segmento mais lucrativo, representam 51% das vendas da companhia, enquanto na Ipiranga são 76% e na Raízen, 72%.

A manutenção do controle estatal também era apontada por analistas como um fator a puxar o preço para baixo.

"Ainda não vi uma explicação técnica do porquê de vender apenas uma fatia minoritária. Hoje está o Pedro Parente, amanhã estará quem?", questionou a economista Elena Landau, uma das responsáveis pelo programa de privatização do governo Fernando Henrique Cardoso.

As ações da BR começam a ser negociadas na bolsa de São Paulo (B3) na próxima sexta (15).

RETOMADA

A venda de ações da BR será a segunda operação do plano de desinvestimentos da Petrobras em 2017, ano em que o processo teve de ser reiniciado para atender a exigências do TCU (Tribunal de Contas da União) por maior transparência.

A única fechada até agora, a venda do campo de gás Azulão à Eneva, movimentou US$ 54,5 milhões, ou cerca de R$ 180 milhões pelo câmbio atual.

Com meta de captar US$ 21 bilhões até o fim de 2018, o programa vem enfrentando na Justiça e no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que atingem operações já concluídas no valor de US$ 5,9 bilhões, o equivalente a 40% dos US$ 13,6 bilhões que a empresa anunciou ter arrecadado na primeira fase do programa, encerrada em 2016.


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