Folha de S. Paulo


Manifestantes ocupam via de SP em ato contra reforma da Previdência

Eduardo Knapp/Folhapress
A judoca Stefannie Arissa Koyama, que disputará o Mundial de Budapeste pela seleção brasileira
Ato contra reforma da Previdência na avenida Paulista, em São Paulo

O cancelamento de greve geral contra a reforma da Previdência desagradou uma parte dos movimentos sociais.

As centrais sindicais que decidiram manter os protestos em São Paulo, nesta quarta-feira (5), se dividiram em dois atos.

O primeiro foi organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, e reuniu CUT, CTB e Intersindical.

O segundo foi coordenado pela CSP-Conlutas e trazia uma faixa que dizia: "Basta de traição nas centrais".

Ambos se reuniram na avenida Paulista, na altura do Masp, e seguiram até a região da Augusta, onde se encontraram –o primeiro marcou a concentração às 16h, cerca de uma hora depois do segundo.

Somados os dois grupos, compareceram cerca de 2.500 manifestantes, segundo a PM. A organização do Conlutas contou entre 3.000 e 4.000 pessoas em ambos atos.

As centrais novamente prometeram fazer greve geral caso a reforma seja colocada em pauta no Congresso.

"Hoje está sendo um dia nacional de mobilização. Adiaram a reforma, mas temos que estar atentos. O Congresso pode mais uma vez fazer um balcão de negócios e botar para votar na semana que vem", afirmou Guilherme Boulos, coordenador do MTST ( Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

Possível candidato à presidência pelo PSOL, Boulos voltou a dizer que ainda não tem posição sobre as eleições do próximo ano e que uma discussão sobre o tema agora seria antecipada.

"Nesse momento, estamos focados no debate da defesa dos direitos", disse.

A greve geral, que ocorreria nesta mesma data, fora cancelada pelas principais centrais sindicais do país após a mudança da votação da reforma da Previdência —ainda sem garantia de votos, o governo ainda não definiu uma nova data para a votação.

O cancelamento não foi bem recebido por parte dos movimentos.

"Achamos um absurdo. A desmarcação foi decidida pelas cúpulas das centrais, mas a base não foi ouvida. Foi um tiro no pé, se o governo não tem votos, aí mesmo é que tínhamos que parar", afirmou Paulo Barela, da secretaria-executiva nacional da Conlutas.

Para a CUT, as divergências já foram resolvidas.

"Houve um problema de comunicação, mas que já foi dirimido, as pessoas entenderam. Se a votação for remarcada para dia 13, convocaremos greve no dia 12", afirmou Douglas Izzo, presidente da CUT em São Paulo.

O presidente Michel Temer afirmou nesta terça (5) que só marcará uma data quando houver votos suficientes para a aprovação, o que, segundo ele, poderá ocorrer ainda neste ano.

O último cálculo feito pelo Palácio do Planalto, no entanto, aponta um placar de 280 votos, número inferior aos 308 necessários para aprovar a iniciativa.


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