Folha de S. Paulo


Desigualdade de renda cai mais no Nordeste

Ueslei Marcelino/Reuters
Esplanada dos Ministérios antes do nascer do sol em Brasília
Esplanada dos Ministérios antes do nascer do sol em Brasília

Alguns dos Estados mais desiguais foram os que mais reduziram suas disparidades internas de renda nos últimos anos, aponta o estudo "Desigualdade no Brasil, uma Perspectiva Regional", de Carlos Góes e Izabela Karpowicz.

No Maranhão, por exemplo, oitavo mais díspar, a desigualdade teve a maior queda, de 19%, entre 2004 e 2014.

Surpreende, no entanto, que São Paulo esteja entre os dez Estados mais desiguais, logo depois do Maranhão, e tenha conseguido reduzir a desigualdade em apenas 6%.

No período, os três Estados onde a desigualdade caiu com mais força são do Nordeste: além do Maranhão, o Piauí e Pernambuco.

A queda da desigualdade regional foi significativa - Variação do Índice de Gini entre 2004 e 2014, em %

Segundo os pesquisadores, as contribuições mais decisivas para a queda da desigualdade vieram da elevação da escolaridade entre os mais pobres e da formalização do mercado de trabalho, além do programa Bolsa Família.

O salário mínimo não entrou na conta porque varia pouco entre os Estados, logo não ajudaria a entender diferenças entre regiões.

EFEITOS

O Amapá foi o único Estado em que a desigualdade ficou estável e se destaca também por se sustentar como outra exceção: pode ser considerado um Estado caro, com renda baixa.

Uma família de classe média com quatro pessoas do Estado tinha renda total de R$ 2.000 ao mês em 2014.

Em Santa Catarina, lugar menos desigual do país e considerado relativamente barato, a renda total era o dobro.

Com uma renda familiar de R$ 2.300, Alagoas e Piauí estão no grupo de Estados relativamente pobres e baratos. Foi nesses Estados que a desigualdade caiu mais.

Os pesquisadores lembram que os efeitos da crise econômica não foram capturados porque a pesquisa só vai até 2014. Ainda assim, dizem ambos, é importante conhecer as variáveis que afetaram a desigualdade nos últimos anos para que, em momentos como o atual, em que o ajuste nas contas do governo virou um dos problema mais discutidos do país, seja possível preservar os ganhos obtidos.

Segundo Góes, a questão fiscal precisa ser resolvida porque ela é o fundamento para estabilidade macroeconômica do país. "Considerando a necessidade de reformas e de limitar os gastos, temos que fazer escolhas", diz ele. "O melhor é que elas não contribuam para desigualdade."

Já Karpowicz admite que, dados os resultados da pesquisa e a necessidade de consolidação fiscal, o FMI está olhando como os salários dos servidores podem contribuir para atingir esses objeti-
vos de um modo equitativo.


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