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A reforma trabalhista é um avanço para o Brasil? Especialistas respondem

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Propostas de reforma trabalhista e da terceirização provocaram protestos e ainda levantam muitas dúvidas entre trabalhadores
Propostas de reforma trabalhista e da terceirização provocaram protestos e ainda levantam muitas dúvidas entre trabalhadores

Conheça os argumentos que fundamentam a aprovação ou a desaprovação à reforma trabalhista apresentados por especialistas ouvidos pela reportagem da Folha.

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Marcio Pochmann
Diretor do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp

Não. A nova CLT projeta para o futuro do Brasil um grande passado, com a desconstituição da sociedade salarial e o adeus às ocupações de classe média e ao emprego público. Ao regularizar a nova classe trabalhadora do precariado [precariedade + proletariado], enfraquece a dinâmica econômica pelo mercado interno e submete o país ao neocolonialismo do mercado externo.

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Rogério Marinho
Deputado federal (PSDB-RN), relator da reforma trabalhista

Sim. Avançamos em segurança jurídica, fundamental para atrair investimentos e criar mais emprego, novas formas de contratação e parametrização do processo do trabalho. Trouxemos a legislação trabalhista brasileira para o século 21, melhorando a vida de trabalhadores e empregadores.

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José Dari Krein
Professor de economia da Unicamp

Não. A reforma significa um retrocesso sem precedente na história social brasileira, pois desestrutura o mercado de trabalho, compromete o financiamento público, dificulta o acesso a políticas de proteção social, torna trabalho e remuneração mais instáveis e desorganiza a vida social dos trabalhadores.

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Antonio Carlos Pipponzi
Presidente do IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo)

Sim. Nossas leis trabalhistas são muito antigas, de uma época em que a indústria era o maior empregador privado do país. Hoje o varejo tornou-se o principal. Esta reforma pode significar um avanço nas relações trabalhistas, reduzir a insegurança jurídica e aprimorar o setor varejista e o mercado.

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Jorge Luiz Souto Maior
Juiz da 3ª Vara do Trabalho de Jundiaí

Não. A reforma não gera empregos e traz enorme insegurança jurídica. Trata-se de uma proposta que altera vários artigos da legislação existente, mas que foi elaborada e aprovada em praticamente dois meses, gerando uma lei repleta de remendos, contradições, deficiências técnicas e inconstitucionalidades.

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André Portela
Professor de economia da FGV-SP

Sim. Ela pode representar a combinação ideal entre a proteção ao trabalhador e o crescimento da produtividade. É um convite às partes diretamente envolvidas a estabelecer uma nova cultura de relação do trabalho que promova ganhos para todos.

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José Ferreira dos Santos
Diretor de patrimônio do Sindicato da Alimentação de São Paulo e Região

Não. Um dos problemas é a desobrigação da homologação das demissões pelos sindicatos. Na nossa instituição, cerca de 70% delas têm algum erro que resolvemos com nossa estrutura jurídica. Com o sindicato enfraquecido, não há como manter muitos advogados para prestar esse auxílio e isso pode aumentar o número de processos trabalhistas na Justiça.


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