Folha de S. Paulo


Carro autônomo virá logo, diz engenheiro

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ORG XMIT: 455101_1.tif A atriz Winona Ryder em tribunal de Beverly Hills, EUA. Winona foi condenada a prestar serviço comunitário após roubar produtos de uma loja de roupas em 2001. (Actress Winona Ryder sits in court during the sentencing hearing of her shoplifting case in Beverly Hills, Calif., Friday, Dec. 6, 2002. Ryder was sentenced to probation, community service and fines). (AP Photo/Steve Grayson,pool)
Steve Choi, engenheiro do Uber

Os carros autônomos serão a próxima tecnologia disruptiva a que assistiremos nos próximos dez anos e devem impactar nossas vidas tanto quanto os smartphones fizeram. Mas, diferentemente do imaginado pela ficção científica, eles não vão voar.

Essas são as previsões de Steve Choi, engenheiro responsável pelos projetos de carros autônomos na Uber. Anteriormente, ele atuou em iniciativas como o sistema de entregas desenvolvido pela Google X, subsidiária de projetos disruptivos da Alphabet (holding que controla a gigante de buscas na internet).

Ele esteve em São Paulo nesta semana para o Welcome Tomorrow, conferência do Instituto Parar sobre o futuro da mobilidade.

Folha - Qual é o futuro do transporte de fato, quais projetos e protótipos o senhor acha que têm mais chances de se tornar realidade nos próximos dez anos?

Steve Choi - Se você me pedisse para escolher entre os projetos mais populares como carros voadores, Hyperloop [espécie de metrô de altíssima velocidade, desenvolvido por Elon Musk, criador da Tesla, de veículos elétricos] e carros autônomos, eu acho que este último será o que veremos surgir como tecnologia primeiro.

Isso porque ele utiliza uma estrutura que já existe. Em breve você poderá escolher se vai de moto, de metrô ou em um carro autônomo, algo facilmente assimilável.

As novas tecnologias em transporte enfrentam alguns problemas com regulamentação, como os drones, que já têm uma série de restrições devido às leis de tráfego aéreo. O senhor acha que isso pode atrasar a implementação de fato dos carros autônomos nas cidades?

Eu acredito que regulamentação e o desenvolvimento dessas tecnologias é algo intrínseco. Ter uma regulamentação que apoia a implementação de novas tecnologias com certeza pode significar o avanço ou atraso do uso dela. Precisamos achar um equilíbrio entre uma regulamentação que torne essa tecnologia segura, mas ao mesmo tempo apoie seu desenvolvimento.

Se os carros elétricos são a próxima aposta do mercado, o que vem a seguir?

É bem interessante ver que a indústria está desenvolvendo diferentes plataformas de carros, com hidrogênio, eletricidade e até energia solar.

Os carros autônomos podem ser de qualquer natureza, não importa qual tipo de fonte de energia elas usam.

Mas essa energia está se tornando cada vez mais "verde" e sustentável e acredito que esse é um norte que seguiremos, carros cada vez mais sustentáveis.

Veremos carros voando nos próximos anos?

[Risos] Se eu fosse apostar, diria que não, mas nunca se sabe. O impacto e o custo do desenvolvimento desse tipo de transporte seriam realmente muito elevados, por isso que eu aposto que essa ideia não será realidade.

No que o sr. tem trabalhado agora na Uber?

Tenho trabalhado no desenvolvimento de carros autônomos, construindo modelos de "machine learning" [máquinas que aprendem, reproduzem e antecipam comportamentos humanos conforme são usadas].

Qual tipo de modelo de negócios vai utilizar carros autônomos?

Eu não posso dizer que tipo de negócio está se criando, mas posso dizer em que direção estamos indo.

Se você imaginar que estamos em uma economia compartilhada, o que queremos é chamar um carro, ser levado de um ponto A a um ponto B, com um custo infinitamente menor do que possuir um carro, esse é o ecossistema no qual trabalhamos.

Qual é o grande desafio para os carros autônomos operarem nas cidades?

Pessoas que não seguem as leis de trânsito. Se as pessoas seguissem as regras, então só preciso ensinar as regras à máquina.

Se tenho pessoas burlando as regras o tempo todo, preciso então desenvolver máquinas que saibam reagir e se antecipar a pessoas que não seguem regras.


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