Folha de S. Paulo


Líder do PMDB na Câmara diz que Temer não tem votos para Previdência

O líder do partido do presidente Michel Temer, na Câmara, Baleia Rossi (PMDB-SP), afirmou nesta segunda-feira (6) que o governo não tem os votos necessários para a aprovação da reforma da Previdência na Casa.

"Nós antes das denúncias tínhamos um quadro de iminente aprovação da reforma, e a realidade é que o quadro hoje não é esse. Hoje o governo não tem os votos necessários para aprovar uma PEC [Proposta de Emenda Constitucional]", disse em entrevista coletiva.

Aliados do governo têm dito publicamente que a pauta da reforma do sistema previdenciário é a prioridade número um após a derrubada da segunda denúncia contra Temer, que foi enterrada pela Câmara no fim de outubro. Alguns chegaram a afirmar que as discussões seriam retomadas nesta semana.

Nos bastidores, porém, mesmo líderes da base afirmam que será difícil votar uma reforma que precisa de 308 votos para ser aprovada, e que é impopular, a um ano das eleições. Um termômetro que está sendo utilizado para medir a quantidade de votos é o resultado da denúncia, em que o presidente contabilizou perdas: Temer recebeu 251 votos na segunda, contra 263 na primeira.

Baleia afirmou acreditar, no entanto, que a reforma não é a "pauta única" do governo e que outras medidas de ajuste fiscal devem ser aprovadas na Casa.

Os líderes partidários se reuniram na tarde desta segunda com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para discutir a pauta de votação da semana.

Após a reunião, Maia também disse acreditar que o governo não tem os votos necessários para a votação da Previdência e que o governo precisa "repactuar" a base e "entender o desgaste" dos deputados que votaram contra a denúncia.

"Tem que aprovar a reforma, mas eu acho que tem que ter voto [para isso]. Esse não pode ser só um projeto do Poder Legislativo, o governo precisa ajudar a organizar essa votação", afirmou. "Nós passamos cinco meses aqui de muita tensão e o desgaste dos deputados que votaram com o presidente Temer é muito grande, os deputados estão machucados".

Para tentar se reaproximar da base, Temer chamou para o Planalto nesta segunda os líderes dos partidos.

DESEMBARQUE

Um dos principais pleitos da ala conhecida como "centrão" é a antecipação de uma reforma ministerial para este ano, cobiçando principalmente o espaço do PSDB, partido que está dividido e deu 23 votos pela abertura da denúncia, mas ocupa quatro ministérios.

Baleia Rossi afirmou que "se a decisão política do PSDB em sair do governo já estiver tomada, não tem porque esperar até dezembro". O líder peemedebista fazia referência a artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicado neste domingo (5), em que o tucano defendeu que o partido saia do governo nas convenções do final do ano.

O parlamentar disse, no entanto, não acreditar que a questão da reforma da Previdência se resolverá com uma mudança ministerial. "Não acho que essa questão da previdência vai depender de um ministério para o partido A ou para o partido B, eu acho que a questão é de conscientização, de mostrar para os parlamentares a importância que existe na aprovação de medidas do ajuste fiscal", afirmou.


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