Folha de S. Paulo


Inovação depende de novatos, diz sócio da aceleradora do Airbnb

Patricia Stavis/Folhapress
Geoff Ralston, sócio da aceleradora de empresas YCombinator
Geoff Ralston, sócio da aceleradora de empresas YCombinator

Para o americano Geoff Ralston, 57, sócio da aceleradora de empresas do Vale do Silício YCombinator, as principais inovações do futuro dependerão das novatas.

A aceleradora, criada em 2005, ajudou a construir uma dezena de negócios bilionários, entre eles as empresas Airbnb e Dropbox.

Aceleradoras são organizações que oferecem infraestrutura e expertise para estimular o crescimento de start-ups.

Segundo Ralston, enquanto as maiores empresas possuem processos internos engessados e até medo do novo, start-ups possuem maior liberdade para experimentar com agilidade, o que dará a elas vantagem nessa corrida.

Sobre tecnologias em desenvolvimento que rotineiramente estão no noticiário com relato de projetos das grandes, como os carros autônomos, ele diz que iniciativas como essas, com frequência, dependem de que a empresa maior adquira uma menor que também desenvolve a tecnologia.

Em março a Intel comprou a empresa israelense Mobileye, de visão computacional para uso nos carros autônomos, por US$ 15,3 bilhões.

A Uber, que mal deixou de ser start-up, também já adquiriu tecnologias de empresas menores para o mesmo serviço, no caso a Otto, em 2016.

Na mesma área, o Google adquiriu o Waze, em 2013, o que pode ser uma vantagem de seu projeto em relação ao de rivais.

Outro ponto a favor das start-ups, segundo Ralston, é que os profissionais mais criativos, muitas vezes, não têm perfil para trabalhar como empregados e seguir regras.

Como está se tornando cada vez mais fácil para eles terem seus próprios negócios, contratar um profissional do tipo ficará mais difícil, diz.

"Você consegue imaginar ser o chefe de alguém como Steve Jobs?", exemplifica, lembrando o cofundador da Apple, um dos que conseguiram se manter inovadores mesmo quando sua empresa se tornou grande, na opinião de Ralston.

As companhias apoiadas por ela têm acesso a programa de apoio de três meses na Califórnia e investimento de US$ 120 mil.

Ralston esteve no Brasil para participar do evento Case, promovido pela Associação Brasileira de Startups.

Dos mais de 1.400 negócios apoiados pela YCombinator em mais de dez anos de história, apenas dois foram brasileiros (a empresa QueroEducação e a Bxblue).
Ralston diz que o momento de isso mudar está próximo. "O ambiente para start-ups parece perfeito por aqui, há um incrível espírito empreendedor."

Ele também reconhece barreiras para empreendedores do país, entre elas burocracia, falta de investimento de capital de risco e uma cultura que ainda apoia pouco o empreendedorismo.

"Se um jovem de 22 anos disser aos pais que quer abrir uma empresa, é possível que ele ouça gritos, em vez de incentivo. Mas vimos essas coisas também nos EUA. Elas todas podem ser mudadas conforme se tenha bons exemplos."


Endereço da página: