Folha de S. Paulo


Dólar sobe após presidente do Fed sinalizar 3ª alta de juros; Bolsa cai

Declarações da presidente do banco central americano reforçando uma terceira alta de juros no país neste ano fizeram o dólar avançar para R$ 3,17 nesta segunda (16). No mercado acionário, a Bolsa brasileira voltou a flertar com os 77 mil pontos, mas fechou em leve baixa.

O dólar comercial fechou em alta de 0,76%, para R$ 3,174. O dólar à vista se valorizou 0,32%, para R$ 3,168.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, recuou 0,13%, para 76.891 pontos.

O movimento de valorização do dólar aconteceu em relação à maioria das moedas do mundo: 14 entre as 31 principais perderam força ante a divisa americana nesta segunda. Três delas ficaram estáveis, e 12 subiram ante o dólar.

A alta foi resultado de declarações da presidente do Fed, Janet Yellen, feitas no domingo. Em seminário bancário internacional em Washington, ela afirmou que a economia americana continua forte e que a solidez do mercado de trabalho do país reforça a necessidade de aumentos graduais nas taxas de juros, mesmo que a inflação permaneça moderada.

"Prestaremos atenção nos dados de inflação nos próximos meses", disse. "Meu melhor palpite é de que essas leituras não irão persistir."

A presidente do Fed também indicou que o impacto dos recentes furacões sobre a economia deve ser temporário. Em sua última reunião, em setembro, o Fed manteve as taxas de juros na faixa entre 1% e 1,25% ao ano.

A probabilidade de um aumento na reunião de novembro é praticamente nula, mas no encontro de dezembro está em 76,5%.

Começa a ganhar força também a discussão em torno de quem substituirá Yellen à frente do Fed. O presidente americano, Donald Trump, trabalha em uma lista de nomes que inclui Jerome Powell, diretor do banco central americano; Kevin Warsh, ex-diretor do Fed; o principal conselheiro econômico de Trump, Gary Cohn, e Yellen, cujo mandato termina em fevereiro.

Aqui, os investidores começam a voltar as atenções novamente para o cenário político, afirma Felipe Silveira, analista da corretora Coinvalores. "É uma semana decisiva em relação à política. Houve a delação do [operador financeiro Lúcio] Funaro, há toda a tramitação da segunda denúncia contra o [presidente Michel] Temer na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. Isso tudo fez com que houvesse, hoje, um espaço maior para a realização", diz.

"Mas há fatores que podem favorecer novos recordes da Bolsa, em especial vindos da economia."

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) recuou 0,24%, para 180,9 pontos. Foi o quarto dia de queda do indicador.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados com vencimento mais curto tiveram dia misto. O DI para janeiro de 2018 recuou de 7,392% para 7,390%. A taxa para janeiro de 2019 teve alta de 7,270% para 7,290%.

AÇÕES

Na Bolsa, o dia foi de vencimento de opções sobre ações, que infla o volume negociado. O giro financeiro foi de R$ 14,9 bilhões. Segundo a B3, o exercício de opções sobre ações movimentou R$ 5,45 bilhões.

Foi o primeiro pregão da Bolsa com o período estendido de negociação –durante o horário de verão, a sessão vai acontecer entre 10h e 18h.

Das 59 ações do Ibovespa, 21 subiram, 35 caíram e três terminaram o dia com o mesmo preço.

As ações da exportadora Fibria, de celulose, lideraram os ganhos, com alta de 4,52%. As units –conjunto de ações– do Santander Brasil se valorizaram 3,95%, após o banco Credit Suisse elevar o preço-alvo dos papéis de R$ 32 para R$ 36.

Outras duas exportadoras e do setor de celulose, Klabin e Suzano, também estiveram entre as maiores altas da sessão, com valorizações de 2,60% e 2,51%, respectivamente.

Os papéis da Petrobras se valorizaram nesta sessão, acompanhando o avanço de cerca de 1% dos preços do petróleo. A alta ocorreu após forças iraquianas entrarem na cidade petrolífera de Kirkuk, tomando o controle de soldados curdos e interrompendo brevemente parte da produção de petróleo do segundo maior produtor da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

As ações preferenciais da Petrobras subiram 0,25%, para R$ 16,12. As ordinárias avançaram 0,36%, para R$ 16,64.

No caso da mineradora Vale, as ações também subiram, seguindo o terceiro dia de valorização dos preços do minério de ferro. As ações ordinárias da Vale avançaram 1,34%, para R$ 33,35. Os papéis preferenciais se valorizaram 0,66%, para R$ 30,59.

No setor bancário, as ações fecharam sem uma direção definida. Além da forte valorização do Santander, o Banco do Brasil conseguiu terminar o dia no azul, com ganho de 0,21%.

Por outro lado, os papéis do Itaú Unibanco perderam 0,52%. As ações preferenciais do Bradesco tiveram baixa de 0,27%, e as ordinárias recuaram 0,80%.


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