Folha de S. Paulo


Atenção ao câmbio deve ser prioridade de quem investe no exterior

Ricardo Moraes - 10.set.2015/Reuters
Notas de real e dólar em casa de câmbio no Rio de Janeiro
Notas de real e dólar em casa de câmbio no Rio de Janeiro

O investidor que estiver pensando em incluir ativos estrangeiros em seu portfólio precisa prestar atenção a alguns fatores, entre eles o risco cambial e a escolha da gestora do fundo, de acordo com especialistas.

A variação da moeda estrangeira deve ser considerada antes de aplicar nesses ativos, diz Giuliano De Marchi, planejador financeiro da associação Planejar.

"A moeda é um risco quando se trata de investir globalmente. Você sai de sua moeda de origem, como o real, e pode ir para opções mais arriscadas ou mais fortes, como o dólar", ressalta.

"Se o ativo se valorizar, mas o dólar explodir, você pode perder essa valorização."

A primeira opção deve ser buscar produtos que já tenham essa proteção cambial. Desta forma, o investidor só fica suscetível ao comportamento do ativo.

Luiz Felipe Santos, responsável pela área de produtos da BNP Paribas Asset Management, afirma que a busca por esse tipo de produto tem aumentado.

"Você vê na indústria uma demanda crescente, porque o investidor não fica dependente da variação cambial. Ou ele aposta no câmbio ou aposta em Bolsa de Valores dos Estados Unidos, por exemplo", ressalta.

A escolha da gestora também é importante. A avaliação de alguns especialistas é que casas com ramificações globais têm vantagem competitiva ante aquelas com atuação local.

"A gestora tem que conhecer o mercado em que ela atua, com uma equipe dedicada a isso e uma estrutura que estude esse tipo de demanda, qual tipo de título é interessante, que ativo comprar no exterior", afirma Santos, da francesa BNP Paribas.

Investimento exterior

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Antes de partir para o exterior, é interessante que o investidor conheça as opções do mercado global.

"O investidor qualificado [que tem mais de R$ 1 milhão em aplicações] tem vantagens, mas quem possui menos dinheiro deveria manter a coisa simples", afirma Marcelo D'Agosto, consultor de investimentos.

"Ele tem oportunidade de ganhos no Brasil sem precisar entrar no universo mundial, que são milhões de alternativas, tem várias moedas. Vale investir tempo para conhecer as alternativas no mercado local."

Mas quem quer começar a se expor a esses ativos deve destinar inicialmente somente pequena parte dos recursos, segundo o planejador Giuliano De Marchi.

"É interessante colocar 5%, e depois ir aumentando. Por que não participar do lucro dessas empresas estrangeiras ou da recuperação da economia mundial?", diz.

"Sem dúvida nenhuma vale a pena investir no exterior, seria muito egoísta pensar que todas as oportunidades estão aqui", ressalta.

De acordo com De Marchi, o Brasil responde por 3% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial, por 2% da renda fixa do mundo e 1% do mercado acionário global.

Para ele, a indústria brasileira é mal preparada para lidar com ativos internacionais. "A gente olha muito para a indústria local, nos acostumamos a ter o CDI [juros médios de empréstimos entre instituições financeiras] como parâmetro para tudo", critica o especialista.

"O brasileiro tem que estudar melhor. Tem um mundo de ações americanas, de renda fixa europeia. É importante que o investidor comece a se educar para ter uma exposição saudável a esses ativos", afirma o planejador.


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