Folha de S. Paulo


Governo gaúcho anuncia venda de 49% do capital votante do Banrisul

Alan Marques/Folhapress
Governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB)
O overnador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB)

O governo do Estado do Rio Grande do Sul, que enfrenta uma grave crise financeira, anunciou nesta quarta-feira (4) que vai vender cerca de 49% do capital votante —ações com direito a voto— do banco estatal Banrisul, levando a um forte elevação das ações do banco em bolsa.

O governo também vai vender as ações preferenciais, de acordo fato relevante divulgado nesta quarta-feira.

Os papéis ordinários encerraram em alta de 22,2%, mas com baixo volume de negócios, cotados a R$ 25,90. Já os preferenciais tiveram baixa de 10,2%, a R$ 15,62, em meio à frustração de investidores que esperavam uma potencial privatização do banco.

O governo gaúcho descartou abrir mão do controle do banco e disse que manterá uma participação de 51% do capital votante.

O Estado possui atualmente cerca de 204,2 milhões de ações ordinárias do Banrisul, representando 99,58% do capital votante, e 28,8 milhões de papeis preferenciais, representativos de 14,2% do total.

"A manutenção do controle acionário do Banrisul pelo Estado representa questão prioritária em função de sua notória representatividade para a economia estadual, razão pela qual é afastado por completo qualquer possibilidade ou tentativa de alienação do controle do banco", disse o governo em nota.

O governo gaúcho disse que a venda do excedente do controle acionário "visa solucionar em parte as atuais dificuldades" financeiras do Estado, que está negociando um plano de recuperação fiscal com a União.

CRISE

O Rio Grande do Sul é um dos candidatos a aderir ao plano de recuperação fiscal do governo, como fez o Rio. No começo de setembro, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que estava em "conversas preliminares" com os gaúchos. "Já houve uma missão do Tesouro em visita ao Estado. Vamos ver como prioridade o avanço dessas conversas", afirmou.

Em grave crise financeira, com dificuldades para pagar salários e dívidas, o governo do Rio Grande do Sul decretou em novembro do ano passado estado de calamidade financeira.

Em 2016, o resultado primário do RS foi de um deficit de R$ 104 milhões, de acordo com o Tesouro Nacional. A dívida chegou a R$ 66,1 bilhões.

Sem dinheiro, o governador José Ivo Sartori (PMDB) extinguiu 11 órgãos e parcelou o salário dos funcionários por praticamente um ano consecutivo. A contribuição previdenciária dos servidores estaduais também foi elevada de 13,25% para 14%. Os professores chegaram a protocolar um pedido de impeachment do governador.

A segurança pública foi uma das áreas que mais sofreu: policiais desmotivados, sem horas extras e, em alguns casos, sem gasolina. O efetivo diminuiu, e uma onda de crimes se instalou no Estado.


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