Folha de S. Paulo


J&F conclui venda da Eldorado para a Paper Excellence

Divulgação/Eldorado Brasil
Drone da Eldorado Brasil sobrevoa uma plantação de eucaliptos em Três Lagoas (MS)
Drone da Eldorado Brasil sobrevoa uma plantação de eucaliptos em Três Lagoas (MS)

A J&F, holding que reúne os negócios de Joesley e Wesley Batista, concluiu nesta segunda-feira (26) a primeira etapa da venda da fabricante de celulose Eldorado para a Paper Excellence, que pertence a família Widijaja.

A Paper Excellence pagou R$ 1,006 bilhão aos irmãos Batista por 13% da Eldorado. O restante do negócio será finalizado em até 12 meses. A Eldorado foi avaliada em R$ 15 bilhões, incluindo uma dívida de R$ 7,4 bilhões.

Nas próximas semanas, os fundos de pensão Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal) vão definir se também desejam vender os 17% que possuem da fabricante de celulose. A tendência é os fundos aproveitarem o atrativo preço oferecido.

Se isso ocorrer, a Paper Excellence vai ficar com 34% da Eldorado nesta fase: os 13% adquiridos agora, 17% dos fundos e mais 4% a serem comprados também da J&F.

Essa etapa do negócio só foi finalizada depois que a Eldorado aderiu ao acordo de leniência da J&F, no qual a holding assume a multa aplicada pelo Ministério Público Federal pelos crimes confessados pelos Batista em delação premiada.

O juiz Vallisney de Souza, da 10ª Vara Federal de Brasília, também desbloqueou as ações da J&F na Eldorado, sob a condição de que o dinheiro seja utilizado para pagar as dívidas dos irmãos.

Os bancos credores aguardam com ansiedade a conclusão da venda dos ativos da J&F. A prisão dos Batista gerou temor de que os compradores desistissem caso a leniência fosse cancelada, mas isso não ocorreu até agora.

Na semana passada, também foi finalizada venda da Alpargatas, por R$ 3,5 bilhões, para Itaúsa e Cambuhy. O único negócio pendente agora é a venda da Vigor para a Lala. Segundo pessoas próximas à J&F, os mexicanos são os mais temerosos, mas as conversas vão bem.

Na semana passada, a CCPL, cooperativa de produtos rurais de Minas Gerais, decidiu exercer seu direito de preferência e recomprou os 50% da Itambé que havia vendido para a Vigor. O negócio saiu por R$ 600 milhões.

Entre as empresas vendidas, a situação mais delicada com a Justiça é a da Eldorado, porque Joesley confessou ter pago propina a políticos para os fundos se tornarem sócios da empresa.

Conhecidos por sua agressividade nos negócios, os Widijaja não se amedrontaram. Jackson Widijaja, que também é dono da gigante APP, está no Brasil nesta semana para encontros de apresentação com os principais banqueiros do país.

O prazo para a conclusão do negócio é 12 meses, mas pode ser que ocorra até antes. De origem chinesa, os Widijaja estão negociando empréstimos com os bancos de fomento da China para comprar 100% da Eldorado e, se for o caso, quitar as atuais dívidas da empresa com o BNDES e com o FI-FGTS.

A mudança de controle dá aos credores a possibilidade de acelerar o vencimento da dívida. Além disso, as condições do empréstimo do BNDES –juros altos e garantias robustas– foram consideradas ruins pela Paper Excellence, dizem executivos próximos às tratativas.

A área técnica do BNDES resistiu a liberar o financiamento para a Eldorado, porque o banco já era um sócio importante do grupo no frigorífico JBS. Em sua delação, Joesley revelou ter feito pressão política pelo empréstimo, mas se queixou das condições obtidas.


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