Folha de S. Paulo


BC americano começa a enxugar socorro

Mark Wilson/AFP
Presidente do banco central americano, Janet Yellen, discursa após aumento de juros nos EUA
Presidente do banco central americano, Janet Yellen, discursa após manter juros nos EUA

O Fed, banco central dos Estados Unidos, vai começar a reverter, a partir do mês que vem, o programa de estímulo adotado na era da crise.

A decisão do mais influente banco central global de começar a reduzir suas posições de ativos marca um ponto de inflexão, com as autoridades monetárias de todo o planeta tentando recuar cautelosamente das operações de apoio empreendidas durante o mais grave colapso financeiro da era moderna.

O BC americano mais que quadruplicou a dimensão de seu balanço, de US$ 900 bilhões para US$ 4,5 trilhões, por meio da compra de títulos do Tesouro e títulos lastreados por hipotecas, na gestão de seu presidente anterior, Ben Bernanke (2006-2014).

O valor é maior que o PIB da Alemanha, a quarta maior economia global, cujos bens e serviços somaram US$ 3,5 trilhões no ano passado.

A partir de outubro, o Fed vai começar a reduzir seu balanço em US$ 10 bilhões. Nos meses seguintes, esse valor será reduzido gradualmente.

"A mensagem principal aqui é que o desempenho da economia americana tem sido bom, o mercado de trabalho está substancialmente mais fortalecido", disse Yellen.

"Os passos que tomamos para normalizar a política monetária são aqueles justificados pelo progresso que notamos na economia", afirmou.

O caso americano não é único. O Banco Central Europeu recentemente indicou que porá fim ao seu programa de aquisição de ativos, em resposta ao crescimento mais firme na zona do euro. E o Banco da Inglaterra (BC britânico) deu a entender que poderia elevar os juros de curto prazo neste ano, em resposta ao risco maior de inflação.

Sinais de alta na atividade econômica mundial ajudaram a convencer o Fed a elevar os juros por duas vezes, neste ano, e a preparar o encerramento de seu programa de socorro, já que a queda no desemprego e o crescimento econômico firme reduzem a necessidade de apoio monetário em nível semelhante ao do período de emergência.

Em um sinal de sua cautela quanto ao potencial da economia em prazo mais longo, porém, os integrantes do Fed reduziram sua expectativa média para os juros oficiais de longo prazo de 3% para 2,8%. Isso é compatível com a opinião que prevalece há bastante tempo entre muitos investidores, de que o Fed não elevará demais os juros.

JUROS

O BC dos Estados Unidos, que não mexeu nas taxas de juros nesta quarta (2), anunciou que consideraria um novo aumento ainda neste ano —mais provavelmente em dezembro— e três outras altas no próximo ano.

No comunicado que acompanhou a decisão, o Fed ofereceu análise em geral otimista sobre o quadro econômico atual, afirmando que o investimento das empresas havia crescido ainda que a inflação continuasse abaixo da meta.

A taxa de juros americana está atualmente em uma faixa de 1% a 1,25% ao ano.

Dólar recupera parte das perdas após anúncio do BC dos Estados Unidos


Endereço da página:

Links no texto: