Folha de S. Paulo


JBS avalia processar BNDES por declarações de Paulo Rabello

Adriano Machado - 23.ago.2017/Reuters
Paulo Rabello de Castro, chief executive officer of Brazilian state development lender BNDES gestures during a ceremony to launch the new program of the Brazilian state development lender BNDES at the Planalto Palace in Brasilia, Brazil August 23, 2017. REUTERS/Adriano Machado ORG XMIT: UMS10
O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, em Brasília

A JBS enviou nesta terça-feira (19) uma carta ao BNDES ameaçando processar seu presidente, Paulo Rabello de Castro, por declarações feitas à imprensa.

Na carta, obtida pela Folha, a companhia afirma que "avaliará os fatos, sendo este o caso, tomará as medidas legais necessárias à proteção de seus direitos e de seus acionistas".

A JBS se queixa das entrevistas "irrefletidas e precipitadas" do presidente do BNDES a diversos veículos de comunicação sobre a eleição de José Batista Sobrinho para a diretoria executiva, após a prisão de seu filho, Wesley Batista.

Segundo a empresa, as críticas públicas de Rabello de Castro provocaram queda no valor das ações da JBS. Os papéis recuaram 4% na segunda-feira (18) e 0,94% nesta terça-feira (19). Os analistas creditaram a baixa à manutenção dos Batista no comando da companhia e ao conflito entre os sócios. O BNDES possui 21% da JBS.

Conhecido como Zé Mineiro e fundador da JBS, Batista Sobrinho foi aprovado por unanimidade no conselho de administração, inclusive pela representante do BNDES, a advogada Claudia Santos, em reunião de emergência realizada no sábado (16) a partir das 19 horas.

À Folha, Rabello de Castro disse que a conselheira tinha votado de forma "autônoma", "sem consultar o comando do banco" e que a reunião do conselho teria ocorrido na "calada da noite". O jornal "O Globo" publicou que o presidente do BNDES queria anular a reunião.

"Além da gravidade do conteúdo das afirmações —invalidade jurídica da reunião, pressão à conselheira, entre outras—-, houve abuso de adjetivos inadequados, como calada da noite, hora de programa humorístico, malandragem, anão em governança, entre outros", diz a carta da JBS.

De acordo com o documento, as declarações violaram a lei das companhias abertas, que determina que todos os acionistas devem agir no interesse da companhia, e podem configurar também manipulação do mercado, porque ocorreram durante o pregão.

Os advogados da empresa também afirmaram que as críticas de Rabello de Castro atingiram os administradores da companhia e seriam passíveis de processos por "calúnia, injúria e difamação".

Segundo assessores da JBS, a companhia ainda não tomou a decisão de processar o BNDES e o objetivo da carta é avisar Rabello de Castro de que esse comportamento não será tolerado.

Procurado, o BNDES informou que "não recebeu essa carta até o presente momento" e que seu presidente "encontra-se em viagem oficial aos Estados Unidos".

CONSELHEIROS

Na segunda, a diretoria do BNDES aprovou seus dois novos representantes no conselho de administração: Cledorvino Belini, ex-presidente da Fiat, e Roberto Ticoulat, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo.

Eles vão substituir Claudia Santos, advogada especializada em mercado de capitais, e Maurício Luchetti, sócio da Galicia Investimentos. Os dois foram indicados pela ex-presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos.


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