Folha de S. Paulo


Conserto de eletrodoméstico e reparo de roupa avançam na crise

Adriano Vizoni/Folhapress
Loja de reparos de roupa Arranjos Express; rede espera dobrar receita

Com a dificuldade de ir às compras na crise, os brasileiros passaram a fazer mais reparos e manutenção de eletroeletrônicos, eletrodomésticos e roupas.

Essa foi a opção encontrada pelo analista de suporte Adriano Cippiciani, 37, quando a tela do seu aparelho quebrou, há dois meses.

"Com o valor que pagaria uma parcela de um aparelho novo, consertei o antigo, que está funcionando perfeitamente, e eu não tive de entrar em uma dívida longa, especialmente neste momento de incerteza econômica."

Segundo a Abrasa (Associação Brasileira de Pós-Vendas em Eletroeletrônicos), no primeiro semestre, houve alta de 30% no conserto de eletrodomésticos e eletroeletrônicos.

Conserto em alta - Aumento da demanda para reparos de eletroeletrônicos e eletrodomésticos com a crise

Projeções da entidade mostram que o setor deve fechar o ano com crescimento de 16,17% na comparação com 2016, com faturamento saindo de R$ 2,04 bilhões para atingir R$ 2,37 bilhões.

"Com a crise, o consumidor está optando pelo reparo do produto", diz Cléber Gomes, gerente de operações do Grupo PLL, que atua em São Paulo, no Rio e em Salvador.

A KM Multi também viu seu faturamento subir, mas se deparou com a falta de mão de obra especializada para atender à demanda crescente.

Diante desse cenário, os sócios Kevin e Kléber Mazzei resolveram criar um curso para formar profissionais.

A escola começou a ser idealizada há quatro anos, mas foi de 2016 para cá, com o agravamento da crise financeira, que ela ganhou força.

"Já formamos 2.000 profissionais, e a maioria está atuando no mercado", diz Kevin.

ELETRODOMÉSTICOS

Houve um salto significativo também nos negócios das empresas que fazem manutenção de eletrodomésticos.

"Há casos em que o aumento na demanda passa de 40%", diz o presidente da Abrasa, Norberto Mensório.

A Salbetec, na Vila Mariana (SP), atendia, em média, cinco pessoas por dia, mas só uma fechava negócio.

"Hoje, de três a quatro fazem o serviço", afirma o dono da loja, André Pereira.

Apesar do aumento no número de negócios, representantes do setor dizem que o faturamento não aumentou na mesma proporção e atribuem isso ao preço das peças, que subiram. "Tive que reduzir a margem para ganhar clientes", diz Pereira.

ROUPAS

Outro setor que colhe frutos no cenário de crise é o de reforma de roupas.

A Arranjos Express, que tem 73 lojas espalhadas por 11 Estados, espera dobrar o faturamento neste ano na comparação com 2016.

"A expectativa é fechar o ano com R$ 30 milhões", diz Francisco Nakahara, diretor financeiro da empresa.

Barras, ajustes e customização estão entre os serviços mais procurados também pelos clientes da costureira Dalva Lina, de Mauá (SP).

"A busca por reparos aumentou cerca de 30% neste ano", diz Dalva.

"Por incrível que pareça não senti a crise que tanto afetou a população, mas vejo que, para não gastar, as clientes estão preferindo reformar mesmo", afirma.


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