De olho em aumento de produtividade, maior lucratividade e menor impacto ambiental, pecuaristas estão deixando para trás a imagem de atraso que por muitos anos esteve atrelada à atividade e investem cada vez mais em adoção de tecnologia.
Balanças eletrônicas, sistemas de monitoramento e controle de rastreabilidade, além de softwares e aplicativos que podem ser acessados, via celular, já fazem parte da rotina de muitas fazendas.
Brincos com chips eletrônicos interligados a programas de rastreamento permitem o acompanhamento do gado. Currais ganham balanças eletrônicas cujos programas vão além do controle de peso. Sensores registram a temperatura de cada animal.
Tudo isso dá ao pecuarista um inventário diário e completo de cada animal, que pode ser acompanhado à distância -e pelo celular.
A Embrapa Pecuária Sudeste, por exemplo, tem 11 softwares e 15 aplicativos para pecuária disponíveis.
INTEGRAÇÃO
Tecnologia para o campo, porém, não se limita a "gadgets" e softwares. Técnicas que vão de inseminação artificial a integração com lavoura e pecuária também transformam as propriedades.
"Hoje produzimos mais que o dobro de carne que na década de 1980 em uma área de pastagem cerca de 10% menor e podemos melhorar muito esse número", diz a chefe-adjunta de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Gado de Corte, Lucimara Chiari.
Proprietário de uma fazenda em São Paulo e outra em Goiás, o empresário João Roberto de Arruda Sampaio, 62, ampliou seu plantel com a integração reduzindo o impacto ambiental ao adotar um sistema de rodízio entre lavoura, pecuária e floresta.
"O volume de gado aumentou com a diminuição de 500 hectares de pastagens", diz.
A família do produtor rural Eri Vieira Filho, 30, produz carne para exportação em cinco fazendas em Goiás, que somam 10 mil hectares.
Para melhorar a eficiência do rebanho -com mais ganho de peso em menor tempo-, adota seleção de reprodutores e inseminação artificial.
"Antigamente abatia-se um boi com cinco anos de idade e 16 ou 17 arrobas. Hoje abatemos gado com dois anos, pesando 21 arrobas", afirma o produtor rural.
A tecnologia, porém, não chegou para todos. "O Brasil não tem só de propriedade altamente tecnificada. A maioria está na situação de baixa renda e pertence a pequenos e médios produtores", afirma Reginaldo Minaré, coordenador de Tecnologia da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
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GADGETS DO CAMPO
Algumas das tecnologias que ajudam pecuaristas a elevar produtividade
Balanças eletrônicas
Controlam o ganho de peso, calculam dose de medicamentos e reúnem informações como identificação individual e histórico de vacinação
Brincos eletrônicos
Armazenam informações do animal, permitindo a rastreabilidade individual
Aplicativos e softwares
Planilhas eletrônicas ajudam, por exemplo, na gestão de gastos, calculam o custo da arroba por boi, sugerem escolha de pastagem e adubação para cada área da fazenda e acompanham o ciclo de reprodução do rebanho
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Dispositivo afixado no caminhão, facilita o monitoramento do transporte dos animais
Recuperação de pastagens
Retoma a fertilidade do solo com técnicas agronômicas e adubação e evita abertura de novas áreas
Integração entre lavoura, pecuária e florestas
Ajuda na recuperação de pastagens, aumenta a produtividade e gera ganhos e sinergias com mais de uma atividade na mesma área
Melhoramento genético
Aumenta a precocidade do rebanho, o ganho de peso do animais, a produção leiteira e as taxas de fecundidade, entre outros