Folha de S. Paulo


Lata de biscoitos dinamarqueses inspira cuia marajoara de doces

Avener Prado/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 12-09-2017: Iolane Tavares, 55, dona da Frutos da Amazônia. O MPME mensal de setembro vai falar sobre embalagens, apresentando cases originais do setor. Essa pauta vai falar sobre empresas que, mesmo com baixa verba, conseguiram criar soluções interessantes para empacotar seus produtos. (Foto: Avener Prado/Folhapress, MPME) Código do Fotógrafo: 20516 ***EXCLUSIVO FOLHA***
Chocolates feitos com ingredientes do norte do país, da Frutos da Amazônia, embalados em artesanato

Para disputar um bom espaço de exibição nas prateleiras, a empresa Frutos da Amazônia, que faz doces com ingredientes amazônicos, investiu em embalagens de apelo regional, que podem ser usadas até como decoração.

A empresária Iolane Tavares buscou inspiração na cultura do seu Pará natal. Achou, em comunidades ribeirinhas, fornecedores de cuias com desenhos marajoaras, que viraram embalagens fechadas.
"Queria algo como a lata de biscoitos dinamarqueses. Encontrei um equivalente."

A Frutos da Amazônia investiu R$ 15 mil no desenvolvimento da embalagem. O objeto ajuda a chamar atenção para os doces nas gôndolas, diz Tavares, o que, afirma ela, fideliza e atrai mais clientes.

VERSÃO ECONÔMICA

Oferecer pacotes de diferentes tamanhos -e preços- também é uma tática para expandir a base de clientes e manter os antigos mesmo durante a crise econômica.

A publicitária Adriana Lotaif, 35, sócia da Pipó, que fabrica pipocas gourmet de sabores como caramelo e flor de sal e trufa branca, adotou os "pouches", ou saquinhos flexíveis, de 100 gramas, como uma terceira opção de embalagem para o produto, entre R$ 8,50 e R$ 10,50.

Há também a lata grande, de um quilo (de R$ 28 a R$ 36), e a minilata, de 50 gramas (de R$ 13,50 a R$ 18).

"Com o sachê, conseguimos novos pontos de venda, em locais com produtos menos premium. É uma estratégia anticrise, já que permite o acesso ao produto, mas por um valor menor", diz Lotaif.

É preciso ficar de olho nessas demandas e observar, por exemplo, se a concorrência já está mudando o tamanho ou a aparência do pacote, diz Beatriz Micheletto, consultora do Sebrae.

Ela diz, ainda, que a cada dois ou três anos, a empresa deve reavaliar todo o conceito da embalagem, "para que o consumidor não se canse do produto."

A consultora do Sebrae sugere, para quem não não tem muita verba, entrar em contato com empresas juniores na área de design, "que podem ajudar a criar um material bonito e funcional".

Também pode ser útil observar as tendências entre os líderes de mercado e até do exterior, que podem dar pistas sobre o que deve ganhar a preferência do público.

"Porém, quem está de olho no que está sendo feito nos EUA e na Europa, por exemplo, deve levar em conta as diferenças culturais do Brasil e, o que é sucesso lá nem sempre tem o mesmo destaque aqui", diz o coordenador do curso de design da Belas Artes, Fernando Laterza.

*

NO PONTO DE VENDA

56%
dos consumidores descobrem novos produtos durante as visitas ao supermercado

20%
das vendas vêm de campanhas e promoções direto no local onde o produto será comercializado

1,41%
foi o crescimento na produção de embalagens para os setores de limpeza e beleza, o maior entre as áreas avaliadas, em 2016

0,63%
foi a alta no volume de fabricação dos pacotes para a indústria de alimentos no ano passado

Fontes: ABRE (Associação Brasileira de Embalagem) e Nielsen, consultoria de pesquisa de mercado


Endereço da página: