O bitcoin, mais famosa das moedas virtuais, caiu nesta quinta (14) pelo quinto dia consecutivo, a mais longa sequência de desvalorizações em mais de um ano. O motivo foi o anúncio de uma das maiores Bolsas on-line da China de que suspenderia suas transações com a divisa no fim do mês, em meio a uma campanha repressiva do governo do país contra as moedas criptográficas.
A decisão da BTCChina Exchange de suspender a abertura de novas contas foi tomada depois de "cuidadosa consideração" de um anúncio pelas autoridades regulatórias chinesas, no dia 3, de proibir ofertas iniciais de moedas.
A moeda digital acumula queda de 22% desde o dia 7. O bitcoin vinha de uma alta acumulada de mais de 400% neste ano, devido ao avanço na aceitação da tecnologia blockchain que embasa esse meio de troca, à incerteza política mundial e ao interesse crescente por ele nos mercados asiáticos.
A China responde por cerca de 23% das transações com bitcoins e serve de sede a muitos dos maiores mineradores mundiais da moeda, que empregam vastos volumes de poder de computação para confirmar transações na moeda digital.
O país comunista planeja proibir as transações com bitcoins e outras moedas virtuais em suas Bolsas. As autoridades não têm planos de suspender as transações no mercado de varejo da moeda, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto.
O Escritório de Serviços Financeiros de Xangai foi instruído a fechar as plataformas de transações com bitcoins na cidade, disse a agência de notícias China Business News.
Embora a motivação para proibir transações com o bitcoin em Bolsa não esteja clara, a medida surge em meio a uma repressão mais ampla aos riscos financeiros, no período de preparação para uma importante reacomodação na liderança do Partido Comunista, em outubro.
A alta do bitcoin causou preocupação quanto a uma bolha, levando céticos como Jamie Dimon, presidente-executivo do JPMorgan Chase, e o investidor bilionário Howard Marks a alertar sobre um colapso iminente.
Matt Roszak, presidente da Câmara de Comércio Digital, organização setorial sediada em Washington, e investidor na BTC China, disse esperar que a Bolsa retome suas operações no final do ano.
"É essa a expectativa, com base em meses de discussões –o momento pode ser um pouco afetado pelo fenômeno das ofertas iniciais de moedas", disse Roszak.
"A China está se preparando para licenciar um número muito pequeno de Bolsas, enquanto enfrenta a ascensão meteórica das transações com moedas criptográficas e a especulação nos lançamentos iniciais de moedas".