Folha de S. Paulo


Petrobras pesa e Bolsa cai em dia ruim para commodities; dólar fecha estável

Petrobras - 14.abr.2008/Associated Press
Vista aérea de plataforma da Petrobras, no Rio de Janeiro (RJ)
Vista aérea de plataforma da Petrobras, no Rio de Janeiro (RJ)

As ações da Petrobras caíram quase 3% nesta quarta-feira (30) e puxaram a Bolsa brasileira para terreno negativo, em pregão ruim para empresas ligadas a matérias-primas. O dólar fechou cotado a R$ 3,16, após oscilar com dados da economia americana e cenário político local.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas do mercado acionário brasileiro, caiu 0,62%, para 70.886 pontos.

O dólar comercial teve queda de 0,06%, para R$ 3,162. O dólar à vista, que fecha mais cedo, se desvalorizou 0,31%, para R$ 3,159.

O dia foi pautado por indicadores nos Estados Unidos e por dúvidas em torno de votações importantes do governo no Congresso.

O PIB (Produto Interno Bruto) americano cresceu 3% entre abril e junho, com ajuda de gastos mais fortes do consumidor e de investimentos mais robustos das empresas.

Dados mais sólidos da economia americana poderiam fornecer subsídios para que o banco central americano eleve as taxas de juros no país. Mas a evolução da inflação nos EUA preocupa, segundo relatório do banco Votorantim.

"A queda da inflação pode, de fato, ser temporária, dado o peso elevado dos preços das commodities nos índices. Isso significa que a variação de preços não necessariamente reflete uma fragilidade da economia, reduzindo sua influência sobre as decisões de política monetária", afirma o texto.

Ao dado de PIB somaram-se ainda informações sobre o emprego no setor privado americano. A processadora de folha de pagamento ADP informou que os empregadores privados dos EUA criaram 237 mil vagas em agosto. É o maior avanço mensal em cinco meses.

"Há uma expectativa de elevação gradual dos juros nos EUA. O mercado de trabalho tem mostrado um bom ritmo de geração de emprego, mas, por outro lado, tem a inflação, que está longe da meta. É um fator de incerteza em relação a quando o Fed vai elevar os juros, o que deve ocorrer mais para o final do ano", afirmou Mauricio Nakahodo, economista do Mitsubishi UFJ Financial Group no Brasil.

A solidez dos indicadores fez com que o dólar ganhasse força ante as principais divisas mundiais: entre as 31 moedas mais importantes, o dólar se valorizou em relação a 21.

Os investidores também mantiveram no radar as votações que o governo tenta encaminhar no Congresso.

A proposta que altera a taxa de juros do BNDES passou pela última etapa de votação na Câmara dos Deputados nesta quarta e agora vai para o Senado. O objetivo dos governistas é evitar que a medida provisória que altera os juros do BNDES perca a validade, considerando que ela vence em 6 de setembro.

A aprovação da proposta ajudou o real a ganhar força ante o dólar aqui no mercado brasileiro.

O CDS (credit default swap, que mede o risco-país) recuou 1,23%, para 197,9 pontos.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam em baixa. A taxa para janeiro de 2018 recuou de 7,815% para 7,805%. O contrato para janeiro de 2019 teve queda de 7,780% para 7,750%.

AÇÕES

Na Bolsa, o dia foi ruim para ações de empresas ligadas a commodities.

As ações da Petrobras estiveram entre as principais baixas do Ibovespa, impactadas pela desvalorização dos preços do petróleo no exterior.

"O petróleo se manteve em trajetória de queda, beirando os US$ 50, por causa da tempestade tropical que afetou a produção nos EUA. Isso acaba comprometendo a oferta e a demanda nos EUA, que é um dos principais importadores de petróleo", avalia Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.

As ações mais negociadas da estatal fecharam em baixa de 2,89%, para R$ 13,45. Os papéis com direito a voto recuaram 2,94%, para R$ 13,88.

A mineradora Vale também fechou no vermelho, com a queda de 0,37% dos preços do minério de ferro. As ações ordinárias da Vale perderam 0,29%, para R$ 3,34. As ações preferenciais tiveram queda de 0,25%, para R$ 31,49.

No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco caíram 0,54%. Os papéis preferenciais do Bradesco recuaram 1%, e os ordinários tiveram desvalorização de 1,86%. O Banco do Brasil perdeu 1,02%, e as units –conjunto de ações– do Santander Brasil subiram 0,04%.


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