Folha de S. Paulo


JBS rebate BNDES e manifesta apoio a Wesley Batista na presidência

Zanone Fraissat/Folhapress
SAO PAULO/SP-BRASIL,29/08/13 wesley Batista (esq) e Joesley Batista (dir), donos da friboi na cerimonia de entrega do premio as Melhores da Dinheiro 2013 no Credicard Hall.(Foto: Zanone Fraissat /MONICA BERGAMO)
Irmãos Wesley (esq.) e Joesley Batista

O conselho de administração da JBS decidiu manter Wesley Batista na presidência da companhia, apesar de pedido do BNDES para afastamento do executivo e investigação dos danos causados à empresa pelos crimes de corrupção delatados por Joesley Batista.

Em comunicado distribuído nesta segunda (28), a JBS diz que, na avaliação do conselho, o afastamento seria prejudicial à companhia. Os conselheiros também rejeitaram a proposta, também do BNDES, de contratação de auditoria externa para investigar controladores e ex-administradores.

Por meio da empresa de participações BNDESPar, o banco tem 21,3% das ações da JBS. O afastamento da família Batista foi uma das primeiras bandeiras levantadas pelo presidente da instituição, Paulo Rabello de Castro, ao assumir o cargo em junho.

As propostas do BNDES serão discutidas em assembleia de acionistas em 1º de setembro e têm apoio de outros minoritários insatisfeitos com a permanência dos Batista no comando após a confissão de crimes em delação premiada.

No comunicado distribuído nesta segunda, a empresa chama as propostas de "prematuras e disruptivas" e diz que a criação de um comitê de investigação já é prevista no acordo de leniência negociado entre sua controladora, a J&F, com o Ministério Público.

"Cabe à administração agir com serenidade, sem açodamento, para, de maneira informada, refletida e sobretudo desinteressada, com o apoio de assessores especialmente contratados, dar início aos trabalhos de investigação interna e independente exigidos pelo Ministério Público", defende.

A JBS argumentou ainda que vem tomando medidas para conter a crise gerada pela delação de Joesley Batista, incluindo o afastamento do executivo, o lançamento de um plano de venda de ativos no valor de R$ 6 bilhões e acordo com bancos para alongamento de sua dívida, de R$ 20,5 bilhões.

"Ao final dos trabalhos investigativos, espera-se que a administração da companhia esteja de posse dos elementos de informação necessários para torná-la apta a tomar as medidas cabíveis, sempre com vistas a proteger o interesse social da JBS", disse a companhia.

"A manifestação do conselho, embora estranha, não surpreende. Mostra que o acionista controlador está usando o conselho para manter a JBS refém de seus interesses", acusou o vice-presidente da Associação de Investidores Minoritários do Brasil, Aurélio Valporto.

Ele vem articulando um grupo de minoritários para apoiar as propostas do BNDES na assembleia e diz que a decisão do conselho "é uma comprovação de que os acionistas minoritários precisam liderar o processo de reparação dos danos causados à companhia".

REMUNERAÇÃO

A JBS defendeu ainda proposta de ampliar, em até R$ 10 milhões, a remuneração de seus administradores para o ano de 2017 —proposta também criticada pelo BNDES.

Em assembleia realizada em abril, os acionistas aprovaram um valor de R$ 17 milhões para remunerar executivos. Agora, a empresa pede R$ 27 milhões.

O aumento seria dado apenas para os membros do conselho de administração: a cifra destinada a eles subiria de R$ 2,59 milhões para R$ 14,6 milhões.

A empresa diz que as assessorias MercerHuman Resource Consulting e Hay Group concluíram os valores devem ser elevados e que a deve criar ainda criar uma "remuneração variável como forma de incentivo e retenção", vinculada aos resultados de médio e longo prazos.

A companhia também defendeu proposta de inclusão em seu estatuto de permissão para indenizar executivos por danos ou prejuízos sofridos no exercício de suas funções, além dos seguros conhecidos como D&O —que cobrem prejuízos com ações judiciais.

A proposta, diz a empresa, "tem por finalidade promover e manter um alinhamento entre as praticas adotadas pela companhia e aquelas adotadas no mercado internacional"


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