Folha de S. Paulo


Walmart e Google se unem para enfrentar Amazon no comércio on-line

Nacho Doce - 16.fev.2016/Reuters
Walmart vai fechar 60 unidades no Brasil
Walmart, maior rede varejista do mundo, anuncia associação a partir de setembro com o Google

O grupo Walmart, maior rede varejista do mundo, anunciou uma associação a partir de setembro com o gigante da internet Google para a venda de seus produtos on-line, uma aliança para competir diretamente com outra gigante a Amazon.

"A partir do fim de setembro, trabalharemos com Google para oferecer centenas de milhares de itens que poderão ser comprados por voz, por meio do Google Asistant", afirmou Marc Lore, diretor de comércio on-line do Walmart, em um comunicado publicado no blog da empresa.

Walmart, que promete "a maior oferta de distribuição disponível na plataforma", integrará o Google Express, que já permite a compra de produtos de diversas empresas (Costco, as farmácias Walgreen's, entre outras).

O Google, que tem como matriz o grupo Alphabet, anunciou "centenas de milhares de produtos (...), de detergentes a Legos", em um comunicado assinado por um de seus diretores, Sridhar Ramaswamy.

Tanto para Google como para Walmart esta união oferece grandes vantagens.

Ao primeiro dá credibilidade a sua plataforma ao adotar as conhecidas referências do Walmart, enquanto que para o grupo de distribuição a aliança facilita consideravelmente o ato da compra on-line por meio do pedido vocal.

"No que diz respeito ao 'shopping' vocal, queremos que seja o mais fácil possível", afirma Lore.

Lore, que se juntou à maior varejista do mundo depois que a companhia comprou seu site de comércio eletrônico Jet.com, disse que o Walmart oferecerá uma seleção mais ampla do que qualquer revendedor na plataforma.

Amazon, cujo auxiliar controlado por voz, Alexa, permite aos usuários fazerem compras na varejista, tem a maior parte do setor de dispositivos controlados por voz nos EUA, com seus dispositivos Echo representando 72,2% do mercado em 2016, muito à frente do dispositivo Home, do Google, com 22%, segundo pesquisa eMarketer.

Lore disse na postagem que o Walmart também está integrando sua ferramenta de encomendas rápidas e recorrentes ao serviço de entrega no mesmo dia do Google.

POPULARIDADE

"Um dos casos de uso primário para compra de voz será a capacidade de construir uma cesta de itens essenciais cotidianos comprados anteriormente", disse ele em uma entrevista.

Ele acrescentou que o Walmart tem planos maiores para compra por voz no próximo ano, o que envolverá capitalizar suas 4,7 mil lojas nos EUA para "criar experiências para os clientes que atualmente não existem nas compras por voz em qualquer outro lugar".

Os clientes podem usar compras por voz para pegar um pedido na loja ou comprar mantimentos frescos em todo o país, disse ele.

Mas enquanto os dispositivos controlados por voz da Amazon e da Google estão ganhando popularidade, as pessoas ainda os usam principalmente para tarefas básicas como fazer chamadas ou tocar música.

Para aumentar a compra por voz, a Amazon começou a fazer ofertas exclusivas para compras realizados com o Alexa.

DISPUTA ACIRRADA

Sem afirmar de maneira explícita, os dois grupos estão se unindo para enfrentar a Amazon.

Há vários anos, o Walmart precisa enfrentar o avanço do comércio on-line. A Amazon já começou a competir com o grupo inclusive nas lojas físicas, após a compra em junho da rede Whole Foods.

O Google também tenta avançar no comércio on-line, com a integração, por exemplo, de novas funcionalidades ao assistente pessoal inteligente Google Home. Mas todos os esforços ainda deixam o grupo longe da Amazon.

Em seus últimos resultados trimestrais, o Walmart voltou a deixar os analistas preocupados por seu atraso a respeito da Amazon, apesar dos números superiores ao esperado e de um aumento de 60% das vendas on-line.

De acordo com a empresa Internet Retailer, que usa como base os números do Departamento do Comércio, a Amazon mantém um amplo domínio nas vendas on-line nos Estados Unidos, com uma participação de mercado de 38%.

De acordo com as estimativas, o grupo contribui sozinho por metade do crescimento do comércio pela internet nos Estados Unidos.

No que diz respeito à distribuição no território americano em seu conjunto, a Amazon continua atrás do Walmart, com cotas de mercados de 2,8% e 6,3%, respectivamente, em 2016.

O grupo Walmart, apesar das dificuldades no âmbito do comércio on-line, não poupou esforços no setor com várias aquisições nos últimos anos.

A principal operação neste sentido do Walmart —empresa com sede em Bentonville (Arkansas)— foi a compra no ano passado por US$ 3 bilhões da 'discounter' (lojas de descontos) Jet.com, sua maior aquisição desde 2010.

Em outros âmbitos, Walmart estabeleceu alianças com as plataformas de transporte privados Uber e Lyft.


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