Folha de S. Paulo


Desemprego vai a 13% e tem 1ª queda desde 2014 com alta da informalidade

A taxa de desemprego no Brasil registrou, no segundo trimestre, a primeira queda desde o final de 2014.

No trimestre encerrado em junho, o índice ficou em 13%, divulgou o IBGE nesta sexta-feira (28), uma queda de 0,7 ponto percentual sobre os 13,7% registrados no primeiro trimestre.

Os dados fazem parte da Pnad Contínua, a pesquisa oficial de emprego do IBGE, cuja abrangência é nacional.

O total da população desocupada —que são desempregados em busca de oportunidade— somou 13,5 milhões de pessoas, queda de 4,9%. A fila de emprego teve, portanto, uma redução de 690 mil pessoas entre o primeiro e o segundo trimestre.

Taxa de desocupação - Por trimestre móvel, em %

INFORMALIDADE

Essa queda na taxa de desemprego, porém, ocorreu com o crescimento da informalidade, e não de vagas formais.

"Há mais pessoas sem carteira e por conta própria, que não têm garantias trabalhistas", afirmou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.

Enquanto o total de empregados formais permaneceu praticamente estável (recuo de 0,2%) em cerca de 33,3 milhões de trabalhadores, o número de trabalhadores sem carteira assinada cresceu 4,3% e atingiu 10,6 milhões de pessoas.

O trabalho por conta própria também teve alta, de 1,8%, e chegou a 22,5 milhões de pessoas.

Na passagem do primeiro para o segundo trimestre deste ano, 75 mil postos com carteira foram fechados, enquanto 442 mil sem carteira foram criados e 396 mil pessoas passaram a trabalhar por conta própria.

Desde o início da crise que o trabalho formal tem diminuído. Os postos formais, que tiveram o início de uma trajetória de crescimento na década passada, atingiram o auge em junho de 2014.

A partir do trimestre encerrado em maio de 2015, o indicador começou a cair e chegou, dois anos mais tarde, ao ponto mais baixo da série histórica, iniciada em 2012. Muitas pessoas que perderam seus empregos passaram a desempenhar trabalhos informais ou por conta própria.

O número de empregadores (4,2 milhões de pessoas) também registrou estabilidade.

O total da população ocupada, a que efetivamente ocupa um posto de trabalho no mercado, teve alta de 1,3% e atingiu 90,2 milhões.

Azeredo destacou que, a despeito do aumento das vagas informais, a queda da taxa de desemprego no segundo trimestre mostra reversão da tendência de alta registrada desde o fim de 2015.

"O mercado gerou postos de trabalho. Não dá ainda para saber se é o início da recuperação, porque os dados estão muito abaixo dos do ano passado, mas a taxa vinha em uma tendência [de alta] e teve queda significativa [no trimestre]", disse Azeredo.

VAGAS

De acordo com o IBGE, os grupos nos quais o emprego mais cresceu foram a indústria, transportes, comércio de veículos e administração pública.

A administração pública e os serviços de saúde e educação privados, que compõe um grupo único, geraram 485 mil novas vagas no segundo trimestre, quase um terço do total de 1,2 milhão de novos postos no período.

Azeredo disse não ser possível determinar onde os empregos públicos foram criados e explicou que há impacto da sazonalidade.

Segundo o técnico, é comum haver contratação de funcionários para vagas que foram fechadas no fim do ano anterior em estados e municípios, por exemplo.

Não é possível fazer relação, disse ele, do resultado com o aumento das despesas de pessoal pelo governo federal ocorridas no primeiro semestre.

Já no setor de transportes, de acordo com o IBGE, aumentou o trabalho por conta própria, o que indica maior contingente de pessoas que atuam como motoristas de de aplicativos de celular. No segmento de transporte, houve acréscimo de 131 mil postos.

"O motorista de aplicativo é uma forma de reinserção mais simples no mercado e muitas pessoas procuraram essa opção na crise", explicou Azeredo.

Na indústria, o ganho no número de vagas foi de 375 mil, concentradas principalmente no setor de alimentos.

Segundo Cimar, ainda não dá para mensurar o impacto da reforma trabalhista no ritmo de contratações, bem como na informalidade.

HÁ UM ANO

Apesar da melhora, os dados atuais ainda mostram piora no emprego em relação ao verificado há um ano.

A taxa de desemprego do segundo trimestre teve alta de 1,7 ponto percentual em relação a igual período de 2016.

O número total de desempregados registrou alta de 16,4% no intervalo de um ano —1,9 milhão de pessoas ficaram desocupadas no período.

Rendimento médio real - Habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas, por trimestre móvel, em R$


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