As ações do Twitter caíram mais de 10% nesta quinta-feira (27), após a plataforma de redes sociais ter decepcionado os investidores com crescimento estagnado no número de usuários ativos mensais no segundo trimestre.
A companhia sediada na Califórnia superou suas expectativas de receita, mas ficou aquém das projeções de que sua média mensal de usuários cresceria em 1,2% no segundo trimestre, para 332 milhões.
Em vez disso, o Twitter anunciou que sua média mensal de usuários foi de 328 milhões, a mesma do trimestre anterior. A receita publicitária da empresa caiu em 8% ante o período em 2016, para US$ 489 milhões, e não conseguiu acompanhar a força do rival Facebook e de sua subsidiária Instagram.
Jack Dorsey, presidente-executivo do Twitter, disse que "melhoras nos produtos", como uma nova função de streaming ao vivo de vídeos noticiosos e de esportes, atrairiam mais usuários no futuro.
"Estamos orgulhosos porque as melhoras que estamos promovendo em nossos produtos continuam a aumentar sua contribuição geral ao crescimento do Twitter", ele disse. "Também nos sentimos encorajados pelo progresso que estamos conseguindo na execução de nossas principais prioridades de geração de receita."
As receitas gerais da empresa caíram em 5% ante o período em 2016, para US$ 574 milhões —o segundo declínio desde a abertura do capital do Twitter em 2013. O grupo alertou que o crescimento da receita não melhoraria no segundo semestre de 2017.
Os resultados serão um baque para os investidores que esperavam por uma retomada mais longa do crescimento do Twitter, que superou as expectativas quanto à conquista de novos usuários no primeiro trimestre. Em contraste, o Facebook reportou na quarta-feira que havia atingido os 2 bilhões de usuários ativos ao mês no segundo trimestre, o que resultou em uma disparada de sua receita e lucros.
O prejuízo líquido do Twitter caiu em um terço, ante o trimestre precedente, para US$ 107 milhões. As ações da companhia caíram em 11%, para US$ 17,46, no mercado matinal de Nova York.
Os últimos dois anos foram difíceis para o Twitter, a despeito do estímulo gerado por Donald Trump, que usou o serviço como meio primário de comunicação com os eleitores durante sua campanha presidencial e continua a fazê-lo agora que se tornou presidente.
No ano passado, o Twitter teve de demitir 350 pessoas, ou 9% de sua força mundial de trabalho, e se viu rejeitado por potenciais compradores como o Google e a Salesforce.
O Twitter afirmou na quinta que sua nova incursão ao setor de vídeo, em parcerias com a agência de notícias Bloomberg e com a rede esportiva Stadium, deve gerar alta em sua receita publicitária. Anúncios em vídeo em geral são vendidos por preços mais altos do que anúncios em texto ou com imagens estáticas.
"Estamos orgulhosos de nosso forte crescimento em vídeo, que continua a ser o nosso maior formato publicitário e o de crescimento mais rápido", disse Anthony Noto, vice-presidente de operações do Google, em conversa telefônica com analistas.
Mas os analistas afirmam que o serviço precisa se concentrar primeiro em ampliar a audiência de sua publicidade.
"O Twitter não elevará significativamente sua receita publicitária sem alta significativa de usuários", disse Jessica Liu, analista sênior da Forrester. "Eles precisam se concentrar no crescimento de sua base de usuários antes de encarar plenamente o problema da receita publicitária".
"O vídeo é um componente na provisão de conteúdo melhor e de qualidade mais alta aos usuários, mas não é panaceia", ela disse.
Tradução de PAULO MIGLIACCI