Folha de S. Paulo


Tesouro eleva déficit primário de 2016 após incluir Fies no cálculo

Avener Prado - 12.mar.15/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 12-03-2015: Alunos da FMU que se inscreveram no Fies passam a madrugada em frente à faculdade para validar suas matrículas. (Foto: Avener Prado/Folhapress, COTIDIANO) ***EXCLUSIVO FOLHA***
Inscritos no Fies passam a madrugada em frente a faculdade para validar matrículas, em 2015

Despesas do governo federal com o antigo modelo do Fies, o financiamento estudantil do ensino superior, passarão a ser consideradas no resultado primário, segundo informou o Tesouro Nacional nesta terça-feira (18). Com esse aumento dos gastos, haverá piora no resultado das contas do governo central.

Na prática, significa dizer que o Ministério da Fazenda passou a assumir que valores gastos com o financiamento estudantil não serão devolvidos aos cofres públicos.

A despesa primária com o Fies em 2016 foi de R$ 7 bilhões, segundo informou o Tesouro. Com essa nova despesa, o deficit primário de 2016 foi revisto de R$ 154,4 bilhões para R$ 161,3 bilhões.

Em 2017, o gasto com Fies é de R$ 1,4 bilhão até maio. O valor da projeção para o ano será divulgado até o fim desta semana, no próximo relatório de receitas e despesas.

Outro impacto dessa mudança nos cálculos do Tesouro é que o Fies entra nas despesas consideradas no teto de gastos. Assim, o teto deste ano sobe de R$ 1,301 trilhão para R$ 1,309 trilhão.

Não há alteração, contudo, na meta de resultado primário, que leva em consideração o resultado divulgado pelo Banco Central. A metodologia utilizada pelo BC já considera o Fies.

A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, esclareceu que essa despesa leva em conta exclusivamente o modelo de Fies vigente até este ano, e não o novo Fies, que começará em 2018. "O novo programa tem características diferentes e é muito mais equilibrado do ponto de vista fiscal", disse.

O coordenador-geral de estudos econômicos-fiscais do Tesouro, Felipe Bardella, afirmou que, tecnicamente, o aprimoramento da metodologia não poderia ter sido feito antes.

"Isso não era contabilizado porque nosso cálculo do Tesouro tem como referencia principal o Orçamento federal", disse Bardella, acrescentando que esse gasto tem "característica de despesa financeira".


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