Folha de S. Paulo


Sem conseguir afastar mascarados, ato no Rio acaba em confronto com a PM

Membros das centrais sindicais buscaram nesta sexta-feira (30) se desvencilhar de grupos de mascarados que participam do ato no centro do Rio contra as reformas da Previdência e trabalhista.

Concentrados na Candelária, os organizadores da manifestação mudaram o trajeto do protesto para tentar se afastar dos black blocs.

A tentativa não teve sucesso, porque o grupo seguiu a marcha dos organizadores. Quando o ato estava terminando, policiais militares lançaram bombas de gás lacrimogênio contra os manifestantes após uma correria de grupo de mascarados.

As bombas prejudicaram o acesso à Central do Brasil, principal estação ferroviária da cidade.

No início do ato, os mascarados estavam concentrados na avenida Rio Branco, à frente da passeata caso seguissem para a Cinelândia, como previsto. Após uma pequena confusão em razão de uma revista feita pela Polícia Militar em um dos manifestantes, os organizadores desistiram de seguir pela Rio Branco e andaram na avenida Presidente Vargas, em direção à Central do Brasil.

Os organizadores pediam para que os manifestantes se concentrassem ao redor do carro de som. Houve discussões pontuais entre sindicalistas e mascarados.

Em discursos, líderes sindicais defendem o impeachment de Temer e a rejeição às reformas trabalhista e da Previdência. Alguns pedem que o STF (Supremo Tribunal Federal) "anulem o golpe" e devolva o cargo à ex-presidente Dilma Rousseff.

Numa das falas, uma das líderes criticou o fato de algumas centrais sindicais não apoiarem abertamente uma greve geral para esta sexta-feira (30), substituindo por uma convocação ao "dia de luta".

"Nossa luta deve ser maior do que a negociação pela manutenção do imposto sindical", afirmou ela.

Um grupo de mascarados se concentra na manifestação. Eles puxaram o coro: "Não me leve a mal, estou cansado de campanha eleitoral".

Agências bancárias instalaram tapumes em suas vidraçarias, a fim de tentar evitar danos em caso de vandalismo.

Mais cedo, grupos de manifestantes bloquearam várias vias da cidade. Uma das vias interditadas foi a avenida 20 de Janeiro, na chegada ao aeroporto do Galeão.

Os protestos também atingiram a Linha Vermelha e a avenida Brasil, provocando 14 quilômetros de trânsito na via. Um desvio foi montado na avenida Lobo Júnior.

Também aconteceu uma manifestação em frente à estação de Niterói das barcas que ligam a cidade ao Rio.

A Associação de Docentes da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) faz desde o fim desta manhã uma manifestação em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual. Com o tema "Universidade contra as reformas", a manifestação é em apoio à paralisação convocada pelas centrais sindicais e movimentos sociais e contra o atraso no pagamento dos salários dos servidores estaduais. O ato bloqueia a rua Pinheiro Machado, zona sul do Rio.

Além deles, os bancários e petroleiros do Rio também decidiram parar. A Prefeitura recomendou que a população utilize o transporte público, que funciona normalmente.

SÃO PAULO

Em São Paulo, um grupo de cerca de 30 mascarados participou da marcha que saiu por volta das 18h da avenida Paulista em direção ao prédio da prefeitura, no viaduto do Chá. Ao lado dos outros manifestantes que seguiam o carro de som, os mascarados permaneceram com os rostos cobertos durante todo o trajeto. E jogaram pedras na fachada de vidro da Universidade Mackenzie, quando a marcha passou pela rua da Consolação.

Ao chegar ao viaduto do Chá, a maior parte dos manifestantes se dispersou e os mascarados permaneceram no local. Houve um rápido confronto com a polícia, que estourou três bombas.

Durante todo o protesto que teve início na Paulista, nove pessoas foram levadas para o 78° DP, de acordo com a Polícia.


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