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EUA suspendem importação de carne 'in natura' do Brasil

Silva Junior/Folhapress
EUA suspendem importação de carne in natura do Brasil por preocupações sanitárias
EUA suspendem importação de carne in natura do Brasil por preocupações sanitárias

Os EUA anunciaram nesta quinta-feira (22) a suspensão de toda a importação de carne bovina "in natura" do Brasil devido a preocupações sobre a qualidade do produto.

A decisão foi uma reação ao aumento dos problemas sanitários com o produto do país. Segundo o Departamento de Agricultura americano, 11% de toda a carne bovina "in natura" exportada pelo Brasil desde março foi barrada por "preocupações com a saúde pública, condições sanitárias e problemas com a saúde dos animais".

Essa taxa de reprovação, ainda segundo o governo dos EUA, é muito maior do que a média global: de 1%.

Desde março os EUA passaram a fiscalizar 100% da carne brasileira, após a Operação Carne Fraca, que investiga esquema de corrupção na fiscalização de frigoríficos.

DESTINOS DA CARNE 'IN NATURA' BRASILEIRA - Venda de janeiro a maio de 2017, em US$ milhões

Segundo a Folha apurou, o governo brasileiro teria sido informado da decisão dos EUA nesta quinta-feira.

"É um prejuízo intangível e afeta principalmente a consolidação e a imagem do setor", diz Antonio Camardelli, presidente da Abiec (reúne a indústria exportadora de carne).

Esse tranco vem logo após o segmento sofrer as consequências das operações da Polícia Federal e da delação premiada dos donos da JBS.

Segundo Camardelli, a carne "in natura" brasileira foi recusada devido a abscessos provocados por reação de animais à vacina contra a aftosa. O gado brasileiro é vacinado duas vezes por ano.

Porém, Emílio Salani, vice-presidente do Sindan (que reúne as indústrias produtoras de vacina contra a aftosa), diz que o abscesso "não é característica de nódulo vacinal".

Além do produto que já foi recusado pelos norte-americanos, o Brasil tem pelo menos 150 contêineres no mar indo em direção aos EUA.

A suspensão representa um baque, já que, após mais de uma década de negociações, as vendas da carne "in natura" brasileira tinham sido liberadas pelos EUA em meados de 2016.

O mercado ainda estava se consolidando. Os EUA foram o oitavo maior cliente da carne brasileira de janeiro a maio, com 2,8% das compras em volume.

Segundo o governo americano, a suspensão será mantida até que o Ministério da Agricultura do Brasil "tome as ações corretivas que o Departamento de Agricultura considerar satisfatórias".

No comunicado, os EUA reconhecem que o governo brasileiro já começou a lidar com o problema ao decidir suspender preventivamente a exportação para o país de cinco unidades: três da Marfrig, uma da JBS e outra da Minerva.


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