Folha de S. Paulo


Empresa brasileira é primeira a obter aval para cana transgênica

Diego Herculano - 29.set.2016/Folhapress
CAMUTANGA, PE, 29.09.2016: Boia-fria cortando cana de açúcar em Camutanga, PE (Foto:Diego Herculano/Folhapress )
Colheita de cana-de-açúcar

O CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) obteve nesta quinta-feira (8) aprovação para uso comercial da primeira cana-de-açúcar geneticamente modificada no mundo. A liberação abrange a cana sob ponto de vista ambiental e de segurança humana e animal, o que significa que o açúcar produzido a partir dela é seguro.

A aprovação, da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, ocorre um ano e meio após o CTC protocolar o pedido e é vista pelo centro como um novo marco para a indústria açucareira no país, por permitir o combate à broca da cana, principal praga que ameaça a cultura. Os estudos para a nova variedade começaram há sete anos e meio.

A variedade, chamada CTC 20 Bt, tem como característica a resistência à broca (Diatraea saccharalis), responsável por perdas que chegam a R$ 5 bilhões por ano ao setor —ela reduz a produtividade agrícola e industrial e a qualidade do açúcar, além de gerar custos com inseticidas.

Os estudos apresentados mostraram que tanto o açúcar quanto o etanol obtidos a partir da CTC 20 Bt são idênticos aos produzidos atualmente e que não foram constatados danos ao solo, à cana ou às populações de insetos —exceto às pragas, principalmente a broca.

Para ser colocada no mercado, ainda é necessário o aval do CNBS (Conselho Nacional de Biossegurança), que analisará os impactos socioeconômicos da liberação.

"Passamos sem problemas pela CTNBio e vamos para o CNBS com confiança de que os resultados da cana geneticamente modificada são substanciais e, portanto, não esperamos impactos ou questionamentos de mérito", disse Sergio Mattar, diretor do CTC.

Segundo ele, a expectativa é que em 30 dias ocorra a aprovação definitiva. "Os benefícios se refletirão num aumento significativo da produtividade, a partir do controle eficiente da praga [broca]."

O CTC é uma empresa focada em pesquisa, desenvolvimento e comercialização de variedades de cana e tem como acionistas o BNDESPar e os principais grupos do setor sucroenergético do país.

EXPORTAÇÕES

Após a aprovação do CNBS, as mudas serão introduzidas em clientes selecionados a partir de outubro e, num período de dois a três anos, o CTC prevê a liberação mundial da comercialização do açúcar produzido a partir da cana geneticamente modificada.

A avaliação do CTC é que não haverá resistência porque outras culturas, como milho, soja e algodão, já obtiveram essa aprovação internacional há mais de uma década e envolviam questões mais complexas.

O Brasil exporta açúcar atualmente para cerca de 150 países.


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