Folha de S. Paulo


Com festival de música, Nubank faz primeiro investimento em marketing

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Nubank patrocina Popload Festival
Nubank patrocina Popload Festival

O Nubank, start-up de cartões de crédito, patrocinará um festival de música neste ano, com benefícios para seus clientes. Esse é o primeiro investimento em marketing da companhia, que até então contava apenas com o boca-a-boca para crescer, e também o primeiro passo para perto de estratégias já adotadas pelos grandes bancos.

O valor do acordo com o Popload Festival, que na última edição trouxe a banda americana Wilco, não foi divulgado. O festival ocorre no final do ano, em São Paulo, mas ainda não há confirmação dos artistas que devem se apresentar.

Cristina Junqueira, vice-presidente do Nubank, afirma que a cifra está abaixo da casa do milhão. Bancos costumam desembolsar vários milhões pelo patrocínio de shows, investimento comum nos gastos de marketing das grandes instituições financeiras.

No ano passado, por exemplo, o Banco do Brasil desembolsou R$ 5,9 milhões pela turnê dos Rolling Stones no país. Já a série de shows chamada Live Music Rocks Ourocard, que inclui Bruno Mars e Ed Sheeran, custou outros R$ 5 milhões, diz Delano Valentim de Andrade, gerente de marketing do BB.
O Itaú, que patrocina o Rock'n'Rio, não quis comentar.

Para os clientes, a vantagem é ter acesso à pré-venda exclusiva, com os melhores lugares do show, descontos no valor dos ingressos, parcelamentos e até isenção da taxa de conveniência pela compra on-line (que pode chegar a 20% do valor ingresso).

"A gente está fazendo esse investimento como posicionamento da marca, mas é claro que esperamos rentabilizar", diz Junqueira sobre a atração de novos clientes.

Ela diz que a start-up ainda atrai clientes de modo expressivo sem esses gastos e que o festival não é uma forma de compensar a uma eventual desaceleração no crescimento orgânico de clientes.

Segundo o Nubank, 8 milhões de pessoas já pediram o cartão. A empresa não diz quantos foram aprovados e nem a quantidade de clientes que efetivamente usam o cartão nas compras do dia a dia.

No entanto, esse leque de vantagens não chega a ser um chamariz para novos clientes. Nas redes sociais, as reações costumam ser duas: crítica pela venda a um público específico ou caça aos amigos que tenham o cartão.

O gasto funciona, portanto, mais como um afago aos atuais clientes e, principalmente, como ações de fortalecimento de marca.

Boanerges Freire, presidente da Boanerges&Cia, consultoria de varejo financeiro, avalia que é muito difícil medir aquisição de clientes atrelada a esse tipo de promoção.

"O que eles querem é sustentar a percepção positiva da marca e não apenas trazer mais clientes", diz.

O Banco do Brasil, por exemplo, não soube informar quantos cartões foram emitidos após o anúncio de pré-venda exclusiva da série de shows. Até agora, 33 mil ingressos foram vendidos na pré-venda exclusiva, diz o banco.

RAIO-X
Nubank (2016)

Receita: R$ 77,1 milhões (R$ 10,4 mi em 2015)
Prejuízo: R$ 122 milhões (R$ 32,7 milhões)
Concorrentes: Itaú, Banco do Banco, Bradesco, Caixa, Santander


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