Folha de S. Paulo


Temer escolhe Paulo Rabello de Castro para assumir BNDES

Danilo Verpa - 29.mar.2012/Folhapress
SAO PAULO, SP, 29.03.2012: Dr. Paulo Rabello de Castro durante reuniao com a coordenacao do Movimento Brasil Eficiente que anunciou nesta sexta-feira, em sua primeira reuniao do ano, a adesao do governador Eduardo Campos (PSB-PE) e do publicitario Nizan Guanaes, que cuidara da comunicacao do movimento. O evento ocorreu na Escola de Economia da FGV. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, PODER)
Paulo Rabello de Castro, escolhido por Michel Temer como novo presidente do BNDES

O presidente Michel Temer escolheu o economista Paulo Rabello de Castro para assumir o BNDES no lugar de Maria Silvia Bastos Marques, que pediu demissão nesta sexta-feira (26).

Rabello de Castro era presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) desde maio de 2016, quando Temer assumiu o Planalto como presidente interino.

Segundo a Folha apurou, a nomeação foi uma escolha pessoal do presidente e não contou com a simpatia do ministro Henrique Meirelles (Fazenda), que avalia como "fraco" o perfil do novo colega de equipe econômica.

Integrantes do governo afirmam que a indicação de Rabello de Castro é um aceno ao ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral), um dos principais críticos da gestão de Maria Silvia no que diz respeito às regras de financiamento do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), sob comando de Moreira.

O agora ex-comandante do IBGE tem mestrado e doutorado em economia pela Universidade de Chicago, reduto do liberalismo americano, onde teve aulas com Milton Friedman e Gary Becker, vencedores do Prêmio Nobel.

Na sua passagem pelo IBGE, houve críticas de alguns analistas pelas mudanças nos critérios das pesquisas para medir o desempenho dos setores de serviços e comércio, que, assim, mostraram um resultado melhor que o previsto no início do ano.

A ex-presidente do BNDES era também alvo de queixas de empresários, que reclamavam da dificuldade de conseguir empréstimos com o banco, e de parlamentares.

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf (PMDB), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), endossavam, junto com Moreira, as críticas a Maria Silvia. Os três mantêm o trânsito do Planalto com o setor empresarial e eram, portanto, os principais receptores das reclamações sobre a gestão do banco público.

As críticas, feitas diretamente a Temer, eram de que o BNDES tinha dinheiro, mas dificultava a concessão de empréstimos no ritmo esperado. Oficialmente, a equipe de Temer respaldava Maria Silvia e dizia que ela estava apenas "mudando o mecanismo" para emprestar dinheiro, com mais critério para a aprovação de projetos.

Se os projetos são bons, os empréstimos saem rapidamente, costumavam dizer em público os auxiliares do presidente quando confrontados com reclamações diretas à então presidente do banco. Nos bastidores, porém, admitiam que a gestão do BNDES estava "cada vez mais difícil".

QUANTO ANTES

Temer recebeu Maria Silvia em seu gabinete, na tarde desta sexta-feira, e tentou reverter seu pedido de demissão, porém, sem sucesso.

Em seguida, o peemedebista convocou uma reunião com Meirelles para bater o martelo sobre a nomeação de Rabello de Castro.

Em nota, divulgada no início da noite, Temer disse que o economista "começará seu trabalho na instituição já na próxima semana".

A rapidez na escolha e do início das atividades teve o objetivo de tentar minimizar o impacto no mercado da troca de comando no BNDES.

INDÚSTRIA COMEMORA

A indicação de Rabello de Castro para o BNDES agradou às associações empresariais que vinham reclamando da baixa liberação de recursos e do rigor fiscal da equipe econômica.

A troca de comando no banco estatal vem num momento em que os empresários já procuram um nome para substituir Temer por causa da crise política.

Entidades patronais publicaram anúncios nos jornais nos últimos dias pedindo a continuidade das reformas, mas sem se comprometer com o governo.

Colaborou RAQUEL LANDIM, de São Paulo


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